Sagrado Coração de Jesus | Promessas do Sagrado Coração de Jesus As doze Promessas do Sagrado Coração de Jesus feitas a Santa Margarida Maria:
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Oração do SagradoCoração de Jesus Coração de Jesus, eu confio em vós, mas aumentai a minha confiança. Vós dissestes: Pedi e recebereis. Confiando nas vossas promessas, venho pedir vossa ajuda. Vós estais mais interessado em nossa felicidade que nós mesmos. Por isso ponho em vosso Coração meus pedidos, minhas preocupações, meus sofrimentos e minhas esperanças. Coração de Jesus, eu confio em vós, mas aumentai a minha confiança. Jesus, manso e humilde de coração, fazei meu coração semelhante ao vosso. Oração Popular do Sagrado Coração de Jesus Meu Sagrado Coração de Jesus, em vós deposito toda minha confiança e esperança Vós sabeis de tudo ó Pai e Senhor do universo Vós sois o Rei dos reis. Vós que fizestes o Cego ver, o paralítico andar, o morto voltar a viver, o leproso sarar. Vós que vedes minhas angustias, minhas lagrimas, bem sabeis, Divino Coração de Jesus, como preciso alcançar de vosa esta graça (fazer o pedido). A minha conversa convosco me dá ânimo e alegria para viver. Só de vós espero com fé e esperança. Fazei Sagrado Coração de Jesus, que antes de terminar esta conversa, dentro de 9 dias, alcance tão linda graça (fazer o pedido). Iluminai meus passos Sagrado Coração de Jesus, assim como esta vela está iluminando e testemunhando nossa conversa. Sagrado Coração de Jesus, tenho total confiança em vós, e a cada dia que passa aumenta minha fé e meu amor. Amém. Rezar um Pai-nosso, uma Ave-maria e um Glória ao Pai. |
terça-feira, 26 de junho de 2012
AS PROMESSAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
SIGNIFICADO, ORIGEM E MISSÃO DA IGREJA
ECLESIOLOGIA
ESCOLA DE MINISTÉRIO – SETOR PASTORAL
ITAIM PAULISTA.
FORMAÇÃO ADMINISTRADA EM 23 DE JUNHO
DE 2012.
Pe. Marcus Fernando.
TEMA I: SIGNIFICADO, ORIGEM E MISSÃO
DA IGREJA.
a) Igreja: uma
palavra, um significado, três realizações.
Igreja é uma palavra de origem grega εκκλησία [ekklesia] e latim ecclesia, escolhida pelos autores da Septuaginta (a tradução grega da Bíblia
Hebraica)
para traduzir o termo hebraico q(e)hal Yahveh, usado entre os judeus para designar a assembleia
geral do "povo do deserto".
Na
tradução grega do Antigo Testamento (séculos III-II aC), “ekklesía” era
usada para traduzir o hebraico “qahal”, palavra que designava a
assembléia do povo de Israel, povo eleito por Deus, reunido diante do Senhor
para escutar sua palavra e responder-lhe “amém”.
A assembléia por excelência fora
aquela do Sinai, quando Deus deu a lei ao seu povo (cf. Ex 19): aquele dia
ficou conhecido como dia da qahal,
dia da ekklesía, dia da
igreja:
O Senhor falou estas
palavras a toda a vossa assembléia (= ekklesía), sobre a montanha, do meio das
chamas... (Dt 5,22). Nenhum amonita nem moabita entrarão na assembléia do Senhor,
nem mesmo na décima geração; não poderão entrar nunca na assembléia do Senhor,
porque não saíram ao vosso encontro no caminho para oferecer pão e água, quando
saístes do Egito. Eles também contrataram contra ti Balaão filho de Beor, de
Petor na Mesopotâmia, para te amaldiçoar. Mas o Senhor teu Deus não quis ouvir
Balaão e converteu a maldição em bênção, porque o Senhor teu Deus te ama.
Jamais procurarás fazer amizade com eles nem te interessarás por seu bem-estar,
enquanto viveres. Não detestes o edomita, pois é teu irmão. Não detestes o
egípcio, pois foste estrangeiro em sua terra. Os seus filhos na terceira
geração poderão entrar na assembléia do Senhor (Dt 23,4-9).
Mais tarde, os cristãos começaram a chamar “ekklesía”
(= Igreja) à sua própria reunião, a convocação, a comunidade reunida por Cristo
para num só Espírito Santo dar glória ao Pai. No entanto, a palavra Igreja tem
três significados no Novo Testamento – três significados ainda hoje válidos e
muito importantes:
1º. Igreja é primeiramente a assembléia reunida para a
liturgia, isto é para a eucaristia: aí, como o Israel do deserto,
escutamos a palavra de Deus e celebramos a aliança:
Em primeiro lugar,
ouço dizer que, quando vos reunis em assembléia (= en ekklesía), há entre vós
divisões e, em parte, o creio... Quando, pois, vos reunis, o que fazeis não é
comer a Ceia do Senhor... (1Cor 11,18.20).
Mas numa assembléia
(= Allá en ekklesía), prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência,
para instruir também os outros, a dizer dez mil em línguas (1Cor 14,19).
Saudai Prisca e
Áquila... Saudai também a Igreja que se reúne em sua casa (Rm 16,5).
2º. Igreja é também a comunidade local,
reunida em torno da palavra de Deus, dos seus pastores e da eucaristia. É o
sentido atual de diocese ou Igreja local:
Paulo pela vontade de
Deus chamado a ser apóstolo de Jesus Cristo, e o irmão Sóstenes, à Igreja de
Deus (= tè ekklesía tou Theoú) que está em Corinto, aos santificados em Cristo
Jesus, chamados a ser santos... (1Cor 1,1s)
Quanto à coleta em
favor dos santos, fareis como determinei nas igrejas da Galácia. No primeiro
dia da semana, ponha cada um de parte em sua casa o que bem lhe parecer, de
modo que não se façam as coletas depois de eu chegar (1Cor 16,1s).
Paulo, Silvano e
Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a
vós graça e paz (1Ts 1,1).
3º. Enfim, Igreja
significa toda a comunidade universal dos crentes em Cristo Jesus:
É que sou o menor dos
apóstolos. Nem sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de
Deus (1Cor 15,9).
Certamente ouvistes
falar como outrora vivia eu no judaísmo. Perseguia ferrenhamente a Igreja de
Deus e procurava exterminá-la (Gl 1,13).
Marido ame vossas
esposas, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para
santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para
apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro
defeito semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef 5,25-ss).
Assim, a Igreja está presente onde os discípulos de Cristo se reúnem em
assembléia para ouvir a Palavra e repartir o pão e o vinho eucarísticos, sob a
presidência de seus legítimos pastores. Estas assembléias não formam muitas
Igrejas, mas uma só Igreja de Cristo Jesus localizada em determinada cidade ou
região sob a presidência do Bispo e de seu presbitério. O conjunto das várias
Igrejas locais não faz uma federação de Igrejas, mas é a única Igreja, presente
em toda a terra.
b) A Igreja nascida
da Páscoa do Cristo Jesus
Na Escritura Sagrada, aparece de modo claro e constante que a Igreja é fruto da
missão de Cristo, nasce dele, mais precisamente, de sua Páscoa:
Na tarde do mesmo
dia, que era o primeiro depois do sábado, estando trancadas as portas do lugar
onde estavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus chegou, pôs-se no meio
deles e disse: “A paz esteja convosco”. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o
lado. Os discípulos se alegraram ao ver o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: “A
paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”. Após
essas palavras, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem
perdoardes os pecados serão perdoados. A quem não perdoardes os pecados não
serão perdoados” (Jo 20,19-23).
Cristo,
o Homem Novo, no primeiro dia após o sábado, dia da Antiga Aliança, sopra o
Espírito Santo sobre os apóstolos, gerando uma humanidade nova, que é a Igreja.
Ela é fruto da morte e ressurreição do Senhor, de suas feridas. É assim, no
Espírito do Ressuscitado, que a Igreja nasce e viverá para sempre. O próprio
evangelho de João já tinha prefigurado isto:
Em seguida, sabendo
que tudo estava consumado e para se cumprir plenamente a Escritura, Jesus
disse: “Tenho sede”. Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados fixaram
uma esponja embebida em vinagre numa vara de hissopo e lhe aproximaram da boca.
Depois de provar o vinagre, Jesus disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a
cabeça, entregou o espírito.
Os judeus pediram a
Pilatos que quebrassem as pernas dos crucificados e fossem retirados. Assim o
fizeram porque já era a tarde de sexta-feira e não queriam que os corpos
ficassem na cruz durante o sábado, por ser aquele sábado particularmente
solene. Os soldados vieram e quebraram as pernas do primeiro e do outro que
tinham sido crucificados com ele. Quando chegaram, porém, a Jesus e viram que
estava morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados traspassou-lhe o
lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Quem o viu deu testemunho, e o
seu testemunho é digno de fé. Sabe que diz a verdade, para que também vós
creiais (Jo 19, 28-35).
A
entrega que Cristo faz do Espírito ao Pai já prefigura e prepara a entrega que
ele fará desse mesmo Espírito à sua Igreja. Pois bem, logo após a entrega do
Espírito, o lado do Senhor é perfurado e saem sangue e água. O Evangelho deixa
claro, pela solenidade com que narra o fato, que aqui há um significado
misterioso! A água é sinal do batismo, o sangue é símbolo da eucaristia, os
dois sacramentos fundamentais da Igreja:
Quem é o vencedor do
mundo senão quem crê que Jesus é o Filho de Deus? Jesus Cristo é quem veio pela
água e pelo sangue. Não somente na água mas na água e no sangue. E é o Espírito
que dá testemunho porque o Espírito é a verdade. Três são, pois, os que
testemunham: o Espírito, a água e o sangue, e estes três estão de acordo. Se
aceitamos o testemunho dos homens, maior é o testemunho de Deus. Este é o
testemunho de Deus: Ele deu testemunho a respeito de seu Filho. Quem crê no
Filho de Deus, possui em si este testemunho. Quem não crê em Deus, faz dele um
mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus prestou de seu Filho. E o
testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna e esta vida está em seu Filho.
Quem possui o Filho possui a vida e quem não tem o Filho de Deus não tem a vida
(1Jo 5,5-12).
Este
texto do mesmo autor do Quarto Evangelho, ajuda-nos a compreender o sentido do
sangue e da água da cruz: crer que Jesus é o Filho de Deus não é simplesmente
uma afirmação com a mente e o coração, mas exige uma experiência sacramental,
real, da graça de Cristo ressuscitado. Ora, tal experiência somente é possível
se recebermos o Espírito Santo que ressuscitou Jesus e no qual ele vive na sua
natureza humana. E como se dá tal experiência? Pelo Batismo e a Eucaristia, que
nos dão – juntamente com os outros sacramentos – o dom do Espírito: “Ele veio
(ele continua vindo!) pela água e pelo sangue. E é o Espírito que (recebido na
celebração do batismo e da eucaristia) dá testemunho (no nosso coração, no
nosso ser e em toda a nossa vida) porque o Espírito é a verdade!” Recordemo-nos
que o próprio Jesus tinha prometido o Espírito da verdade, que daria testemunho
dele (cf. Jo 14,15-17.25-26; 16,13s). Pois bem, o Espírito, experimentado nos
sacramentos da Igreja, fazendo-nos ter a certeza que Jesus é o Filho de Deus,
dá-nos este testemunho interior: nós temos a Vida eterna!
Assim sendo, Deus prefigura a Igreja, nova Eva, que nasce
do lado aberto do Cristo, Novo Adão, na água e no sangue e sob o bafejo do dom
do Espírito. Foi isso que Jesus realizou na sua Páscoa. É este mistério
que os apóstolos experimentam na tarde do Domingo da ressurreição! Neste
encontro com o Ressuscitado, cumprem-se as promessas: os apóstolos são
batizados no Espírito, tornam-se novas criaturas em Cristo e são, agora,
cristãos, ministros do Evangelho (“como o Pai me enviou, eu vos envio”) e do
perdão dos pecados (“a quem perdoardes os pecados...”). Assim nasce a Igreja,
que será manifestada ao mundo cinqüenta dias depois, no Domingo de Pentecostes,
quando o dom do Espírito será manifestado de modo visível e palpável, marcando
o início da missão evangelizadora da Igreja.
Então, rigorosamente falando, não existia Igreja antes da Ressurreição. É
necessário ter presente que a Igreja não é como uma associação ou partido, que
vive simplesmente da recordação ou dos ideais do fundador. A Comunidade
eclesial vive realmente da vida do Cristo morto e ressuscitado... e isso só é
possível no Espírito do Cristo, dado na Páscoa:
No último dia, o mais
importante da festa, Jesus falou de pé e em voz alta : “Se alguém tiver sede
venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior
correrão rios de água viva”. Referia-se ao Espírito que haviam de receber
aqueles que cressem nele. De fato, ainda não tinha sido dado o Espírito, pois
Jesus ainda não tinha sido glorificado (Jo 7,37-39).
Mas, então, Cristo não pensou na Igreja enquanto estava neste mundo? Não fundou
a Igreja?
Antes de pensarmos sobre estas questões, é importante aprofundar um pouco a idéia da Igreja como Nova Eva. A Escritura diz, após o pecado:
Antes de pensarmos sobre estas questões, é importante aprofundar um pouco a idéia da Igreja como Nova Eva. A Escritura diz, após o pecado:
O homem chamou sua
mulher “Eva”, por ser a mãe de todos os viventes (Gn 3,20).
Trata-se,
aqui, de um jogo de palavras: Eva (= Havvah)
vem da raiz hebraica hayah, que significa
“viver”. Assim, Eva seria a mãe dos viventes. Mas, pelo pecado, Eva torna-se
mãe dos mortos, dos que estão condenados a perecer. A verdadeira Mãe dos
viventes é a Nova Eva, a Igreja, Mãe dos que nascem, no Espírito de Cristo,
para uma vida plena!
c)
A Igreja preformada por Cristo durante sua vida terrena
É verdade que não podemos falar de Igreja em sentido pleno antes da
ressurreição do Cristo e do dom do seu Espírito, fruto dessa ressurreição. Mas
isso não significa que Jesus não pensou ou não quis a Igreja. Esta Igreja que
ele fundou de modo real com sua morte e ressurreição, ele mesmo a “pré-formou”
nos dias de sua vida terrena: preparou-lhe o corpo durante seus dias na terra e
soprou-lhe o Espírito após a ressurreição. Vejamos alguns gestos concretos de
Jesus que mostram que ele quis a Igreja e a preparou:
- Jesus chamou seus apóstolos como Doze,
simbolizando claramente a constituição de um novo Israel – como o antigo
Israel tinha como fundamento os doze patriarcas:
Depois subiu a
montanha, e chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu
Doze (Mc 3,13-14a; cf. At 1,26: Ap 21,12-14).
- Dentre os Doze, Jesus escolheu Simão e mudou-lhe
o nome: a escolha mostra a intenção de Jesus de constituir sua Igreja como
organização estável; o nome, mais uma vez compara a Igreja ao antigo
Israel:
Olhai para a rocha da
qual fostes talhados; olhai para Abraão, vosso pai (Is 51,2).
Cristo vai talhar um
novo Israel, que é a Igreja, e Pedro é como que um novo Abraão, canteiro donde
se tiram pedras vivas. Por isso mesmo Jesus afirma claramente que sobre ele
edificará a sua Igreja:
Também eu te digo que
tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja (Mt, 16, 18).
- Jesus instituiu
a eucaristia e ordenou a sua Igreja que a celebrasse até sua volta (cf. Mc
14,22s; Mt 26,26ss; Lc 22,14; 1Cor 11,23).
- Tanto Jesus
pensou e quis a sua Igreja, que Mateus reúne, no capítulo 18 de seu
evangelho, num longo discurso, várias determinações de Jesus sobre a
Igreja que nasceria de sua Páscoa: quem é o maior (18,1-4); o problema do
escândalo na comunidade (18,5-11); o dever dos pastores da Igreja de
procurar os pequeninos que saíram escandalizados (18,12-14); a correção
fraterna na Igreja (18,15-18); a oração em comum na Igreja (18,19-20); o
perdão das ofensas na Comunidade eclesial (18,21-35).
Podemos então compreender que toda a ação de Jesus para salvar a humanidade,
caminhava para a formação da Comunidade messiânica, que é a Igreja:
Jesus iria morrer
pela nação – e não só pela nação, mas também para congregar na unidade os
filhos de Deus dispersos (Jo 11,51s).
Compreendemos,
também, como no evangelho de João, Jesus reza pela Igreja:
Não rogo somente por
eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que todos
sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para
que o mundo creia que tu me enviaste (Jo 17,20-22).
Finalmente,
aparece clara, neste contexto, a afirmação de São Paulo:
Cristo amou a Igreja
e se entregou por ela (Ef 5,25).
d)A
Igreja, preparada e prefigurada no Antigo Testamento
A Igreja, fundada por Cristo, sempre esteve presente no plano de Deus. Ele não
improvisa nada! Assim, já no Antigo Testamento aparece de modo muito claro como
Deus foi preparando e prefigurando a Igreja de seu Filho. Isto é tão sério, que
os primeiros cristãos diziam que Deus criou o mundo em vista da Igreja, quer
dizer, em vista de reunir toda a humanidade numa única assembléia – aquela do
único povo de Deus! Então, vejamos alguns elementos dessa preparação:
• O próprio relato da criação mostra o mundo que Deus
sonhou: um mundo de comunhão dos homens com ele (cf. Gn 3,8), com os outros
(cf. Gn 2,25) e com toda a natureza (cf. Gn 1,28ss). Desde o início, Deus cria
o homem para ser homem em comunhão, humanidade em comunhão!
• Mesmo com o pecado, Deus busca aliança com toda a
humanidade em Noé (cf. Gn 9,9-10.16). Ainda no contexto do dilúvio, a arca da
aliança aparece como uma imagem remota da Igreja (cf. Gn 6,14; 7,1):
E neste mesmo
Espírito foi pregar aos espíritos que estavam na prisão, rebeldes outrora,
quando nos dias de Noé os esperava a paciência de Deus, enquanto se fabricava a
arca, na qual poucos, isto é, oito pessoas, se salvaram pela água. O que lhe
corresponde agora é o batismo que vos salva, não tirando a sujeira da carne mas
pedindo a Deus uma boa consciência pela ressurreição de Jesus Cristo (1Pd
3,19ss).
• Para compreender o mistério da Igreja no Antigo
Testamento, é importantíssimo o fato da vocação de Abraão: com um chamado
gratuito, a ser respondido na fé, Deus vai formar um povo, o povo de Israel,
imagem do novo povo em Cristo, que será a Igreja (cf. Gn 12,1-3).
• Tirando Israel do Egito, no Êxodo, estabelecendo com
ele uma aliança no Sinai e dele fazendo o seu povo sua qahal, Deus
preparou a imagem por excelência da Igreja no Antigo Testamento:
Agora, se realmente
ouvirdes minha voz e guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade
exclusiva dentre todos os povos. De fato é minha toda a terra, mas vós sereis
para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. “São estas as palavras que
deverás dizer aos israelitas”.
Moisés foi chamar os
anciãos do povo e expôs tudo o que o Senhor lhe tinha mandado. O povo inteiro
respondeu unânime: “Faremos tudo o que o Senhor falou” (Ex 19,5-8).
• As
várias instituições e experiências de Israel tornam-se, então, imagens e
prefigurações da Igreja e de sua vida:
Não quero, irmãos,
que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, que todos
atravessaram o mar, e todos foram batizados em Moisés sob a nuvem e pelo mar;
que todos comeram o mesmo pão espiritual e todos beberam a mesma bebida
espiritual, pois bebiam da rocha espiritual que os seguia, e a rocha era
Cristo. Porém, Deus não se agradou da maioria deles, pois foram prostrados no
deserto. Estas coisas, porém, aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de
que não cobicemos o mal, como eles cobiçaram, nem vos torneis idólatras como
alguns deles, segundo está escrito: Sentou-se o povo para comer e beber, e
levantaram-se para dançar. Nem nos entreguemos à prostituição, como alguns
deles se entregaram, caindo vinte e três mil num só dia. Nem tentemos o Senhor,
como alguns deles tentaram, e pereceram pelas serpentes. Nem murmureis, como
alguns deles murmuraram, acabando em mãos do exterminador. Todas estas coisas
lhes sucederam para servir de exemplo, e foram escritas para advertir a nós,
para quem chegou a plenitude dos tempos (cf. 1Cor 10,1-11).
Vejamos
alguns exemplos:
A
travessia do Mar Vermelho >> imagem do batismo (Ex 13,17 – 14,31; 1Cor
10,1-5)
O
maná >> imagem da eucaristia (Ex 16; Jo 6,30-35.51)
A
travessia do deserto rumo à terra prometida >> imagem do caminho da
Igreja (1Pd 1,1; Hb 13,14)
Jerusalém
>> imagem da Igreja (Is 2,1-5; Sl 122(121); Gl 4,26; Ap 21,1-27)
O
templo >> imagem da Igreja (2Cor 6,16; Ef 2,20ss)
A
vinha, alegoria de Israel >> imagem da Igreja (Is 5,1-7; Mt 21,33-43)
A
virgem esposa, alegoria de Israel >> imagem da Igreja (Os 2,4-25; Ap
21,2.9; 22,17; Ef 5,25s)
Bibliografia:
2. Compêndio do Vaticano II.
Lumen Gentium § 1 a 23. Ed. Vozes. Petrópolis. 2000.
3. Catecismo da Igreja
Católica. § 758 a 776. Ed. Loyola. São Paulo. 2000.
A REFORMA PROTESTANTE E A CONTRA REFORMA CATOLICA
Reforma Protestante e Contra-Reforma
A situação da Europa na época da Reforma Protestante
A Reforma Protestante e Contra-Reforma da Igreja fazem parte dos acontecimentos que marcaram o período de transição do Feudalismo para o Capitalismo. A expressão Reforma designa uma série de acontecimentos que romperam a unidade da Igreja Católica, dando origem ao aparecimento de outras religiões (luteranismo calvinismo, anglicanismo...). Por Contra-Reforma podemos entender como o movimento da Igreja Católica na tentativa de deter todo esse processo inovador que pretendia reavaliar sua doutrina e prática.
As raízes da Reforma Protestante podem ser buscadas na Idade Média, quando ocorreu uma série de tentativas de reformular a religião. O objetivo desses primeiros reformadores já era adequar o "espírito religioso", às necessidades e aspirações da sociedade, eliminando os abusos cometidos pelos clérigos, que acabavam por contribuir para desprestigiar a Igreja aos olhos dos fiéis. Nesses movimentos chamados de heréticos, podem ser encontradas muitas das idéias que formarão o essencial do protestantismo na Idade Moderna.
A Reforma Católica junto com as grandes modificações que estavam ocorrendo nesse momento, na Europa Ocidental contribuiu decisivamente para a formação das primeiras estruturas do mundo capitalista. Um de seus resultados mais importantes foi a "ruptura da cristandade", fator importante da queda do prestígio e da autoridade do papa.
O alto clero medieval era intimamente ligado a nobreza feudal. Seus membros, em geral filhos ou parentes dos senhores feudais, eram mais voltados a vida prática do que a espiritualidade. Na verdade, a Igreja Católica era um dos maiores sustentáculos do mundo medieval - era, na verdade, uma grande senhora feudal.
A estrutura política no período medieval era de poder político fragmentado entre inúmeros senhores feudais A Igreja Católica representava nesse momento uma forte estrutura de poder político centralizado em Roma e espalhado por todas as localidades da Europa. De todas as Instituições medievais política e econômica, seguramente, a Igreja Católica era a que representava o maior poder na Europa.
Com a Reforma Protestante, a Igreja atravessou inúmeras modificações internas e abriu novas frentes de trabalho, na tentativa de recuperar os povos e regiões que estava perdendo na Europa. A América, descoberta alguns anos antes do início do processo reformador, foi a mais importante área para a expansão do catolicismo.
Os fatores que geraram a Reforma Protestante
Vários fatores contribuíram para o desencadeamento da Reforma Protestante. É necessário lembrar que os fatores específicos que atuaram nos países europeus dependeram das suas condições históricas e do maior ou menor grau de centralização política de cada um. A força da Igreja Católica e os interesses das classes sociais também variaram de Estado para Estado.
De urna maneira geral, alguns fatores atuaram com mais ou menos intensidade na propagação das idéias protestantes, entre eles:
A expansão ultramarina: Fortaleceu a burguesia européia, interessada na reforma religiosa. Tal interesse se devia tanto a moral econômica católica do "preço justo", elaborada por Tomás de Aquino, que constituía um obstáculo ao desenvolvimento do comercio, como também ao alto custo do clero para a burguesia nascente.
A formação das monarquias nacionais: Com o surgimento dos Estados centralizados, o poder real e a Igreja entraram em conflito, em alguns Estados, na medida em que esta última constituía um empecilho ao fortalecimento do poder real. Por outro lado, os dízimos, a venda de indulgências e de relíquias sagradas retiravam dos Estados Nacionais uma boa parte da renda que era transferida para o papado na Itália.
O Renascimento cultural: Na medida em que se desenvolveu uma cultura antropocêntrica, um espírito de crítica, o individualismo levou ao declínio da escolástica e contribuiu para a Reforma Protestante.
O declínio da Igreja: A venda de indulgências e de cargos religiosos tornou a Igreja alvo de crítica da maior parte de seus fiéis. Em cada pais, acrescentou-se a atuação de fatores específicos no surgimento da Reforma Protestante.
A Reforma Protestante na Alemanha - Martinho Lutero
O chamado Santo Império Romano-Germânico era formado por uma multiplicidade de principados, nos quais o poder político real era exercido pela grande nobreza. A dinastia dos Habsburgos (imperadores do Sacro Império) necessitava do apoio do Papa para manter sua frágil hegemonia sobre os principados. Uma grande quantidade de terras do Sacro Império pertencia às instituições eclesiásticas. O maior comércio de indulgências era o da Alemanha.
Era nessa região que a Igreja obtinha as suas maiores rendas. Apesar das contradições entre as varias classes sociais, parecia que pelo menos com relação a Igreja Católica todos os segmentos estavam de acordo em criticar os abusos cometidos pelo clero.
A nobreza feudal tinha interesse em apoderar-se das terras da Igreja, a grande burguesia queria um clero menos intransigente e, ao mesmo tempo, desejava impedir a fuga de capitais para Roma. Os camponeses e os artesãos viam na Igreja o seu grande explorador, com a cobrança dos dízimos, das rendas feudais.
Um fato importante que acelerou a deflagração da Reforma Protestante na Alemanha foi a venda de indulgência. O Papa Leão X, necessitando de dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro, encarregou o monge Tetzel de vender as indulgências na Alemanha.
Lutero, um monge agostiniano, se manifestou contrario a essa atitude papal afixando na porta da Igreja de Wittenberg, onde era pregador, um documento, que ficou conhecido como as 95 Teses de Lutero. O documento reunia uma serie de críticas à Igreja Católica, principalmente no que se dizia respeito a venda de indulgências.
Nesse momento, Lutero foi ameaçado de excomunhão pelo Papa Leão X, caso não se redimisse das acusações feitas anteriormente. Com a recusa de Lutero, o Papa decretou a excomunhão, convocando-o a participar de uma assembléia, onde seria julgado.
Nessa Assembléia, pelo fato de muitos príncipes eleitores serem também hostis à Igreja, e nada foi feito contra o monge. Entretanto, o Imperador Carlos V fez passar um edital declarando Lutero fora da lei. Todavia, passado o perigo da perseguição pelos soldados do rei, Lutero reiniciou a sua luta e o édito nunca foi posto em execução. A partir daí, a reforma proposta por ele expandiu-se pela Alemanha.
Princípios gerais da doutrina luterana
A religião luterana tinha um caráter nacional na medida em que rompeu com o papado e colocou os pastores dessa Igreja sob a direção dos príncipes alemães. A Igreja luterana simplificou os rituais religiosos, tendo excluído todos os sacramentos da Igreja Católica, exceto dois, o Batismo e a Eucaristia.
Segundo Lutero instituídos pelo próprio Cristo, a confissão passava a ser feita diretamente com Deus. Todo homem era considerado capaz de interpretar livremente a Bíblia.
A reforma luterana foi uma reforma moderada que favoreceu a nobreza feudal e a grande burguesia. A nobreza feudal foi favorecida tanto pelo fato de que os pastores dessa Igreja ficavam sob a direção dos príncipes, como também pelo fato dela haver se apoderado das terras da Igreja. A grande burguesia foi favorecida, na medida em que se viu liberada das grandes obrigações financeiras com a Igreja Católica permanecendo tais rendas na Alemanha.
O princípio básico da religião luterana é o da justificação pela fé. Através desse principio, Lutero dava maior valor a fé do que as boas obras praticadas pelos fieis, como meio de ganhar a salvação. O fiel, para ganhar o paraíso, não deveria jejuar e sim submeter-se totalmente a vontade de Deus.
Durante os anos no convento e posteriormente como professor de Teologia na Universidade de Wittenberg, Lutero foi aperfeiçoando sua visão a respeito da salvação do homem e do pecado.
A Reforma Protestante na Suíça - João Calvino
Na Suíça existiam varias cidades-repúblicas como Zurique, Basiléia, Berna e Genebra, que haviam se transformado em importantes centros comerciais. Nessa cidades, o poder estava nas mãos de uma burguesia nascente, predominando nelas, entretanto, uma moral econômico-religiosa que impedia o desenvolvimento dessa burguesia.
A burguesia necessitava de uma nova moral econômico-religiosa que legitimasse a obtenção do lucro através do comercio e da exploração do trabalho assalariado. A Reforma Suíça correspondeu a essa necessidade de adequação da religião as condições de vida da burguesia.
O iniciador da Reforma Protestante, nessa região, foi Ulrich Zwingli que, a partir de 1519, se tornou um ferrenho detentor do rompimento com a Igreja Católica, para o estabelecimento de uma Religião mais pura.
Em 1528 quase todo o norte da Suíça havia se convertido à nova seita. Os cantões florestais, entretanto, opuseram-se à conversão a nova fé, em 1529, estourou uma guerra civil, que iria culminar com a derrota das forças de Zwingli e a morte do seu líder. Em 1531, de acordo com a assinatura de Paz de Kappel, ficou estabelecido que cada governo cantonal escolheria sua própria religião.
Apesar da derrota de Zwingli, a nova seita estendeu-se dos cantões do norte para Genebra. Nessa cidade, o poder econômico estava em mãos da burguesia, mas o poder político pertencia a nobreza feudal - leiga e eclesiástica - representada pelo conde de Sabóia e pelo bispo local. A moral predominante era a medieval-religiosa, que não correspondia às necessidades da burguesia. A grande burguesia dessa cidade, dirigindo às massas populares urbanas, revoltou-se contra a dominação feudal, fundando uma cidade-república independente.
A partir dessa revolta, começou a pregar em Genebra, João Calvino (1509-1564). Os princípios da nova religião constituíam a ética correspondente a prática econômica da burguesia, isto é, incentivava-se o lucro e não se condenava a usura.
Princípios gerais da doutrina calvinista
Um aspecto importante do calvinisrno é a valorização moral do trabalho e da poupança, que resulta numa situação de bem-estar social e econômico, o que poderia ser interpretado como sinal favorável de Deus a salvação do indivíduo.
Seus princípios religiosos correspondiam à prática econômica burguesa, fornecendo à burguesia os princípios da luta contra o Feudalismo.
Com relação a intolerância religiosa, Calvino introduziu normas rígidas em sue religião. Todos os hereges poderiam ser excomungados deserdados ou condenados a fogueira. Havia uma defesa rígida da dogmática religiosa calvinista. Calvino, por causa dessa rigidez moral, ficou conhecido como o Papa Protestante e Genebra, como a Roma do protestantismo.
No seu livro, instituições da Religião Cristã, Calvino expôs o principio básico de sua doutrina - a predestinação absoluta. Por este princípio, o homem já esta predestinado, antes de nascer, à salvação ou ao inferno. Nada pode alterar os seus destinos. Os desígnios de Deus são impenetráveis.
Como pode, então, alguém saber se esta predestinado à salvação ou condenação? A vocação de cada homem esta definida de antemão por Deus, e o homem deve transformar esse mundo para a glória de Deus através do seu trabalho. Tendo êxito nessa transformação, o homem pode considerar-se um eleito do Senhor.
Em função da grande divulgação da doutrina calvinista, Calvino acabou fugindo para a França, publicando em 1536 uma obra em que expõe os princípios de sua teologia, cuja característica principal é a idéia da predestinação.
A Reforma Protestante na Inglaterra - Henrique VIII
A Reforma Protestante na Inglaterra - Henrique VIII
No início dos tempos modernos, estavam se desenvolvendo na Inglaterra as indústrias de manufaturas. Ao mesmo tempo, no campo, a nova nobreza inglesa estava cercando suas terras, provocando com essa medida a migração de grande numero de camponeses para as cidades. A este fenômeno deu-se o nome de cercamentos.
No nível político, com a dinastia dos Tudor, desenvolvia-se o absolutismo. A Igreja Católica, alem de grande proprietária de terras, exercia na Inglaterra, como em outros países, o monopólio do comércio da graça divina. O poder da Igreja era um empecilho para o fortalecimento do absolutismo, ao mesmo tempo que competia com os grandes proprietários rurais leigos. A derrota da Igreja era alvo comum dos monarcas e dos nobres feudais.
As camadas populares, principalmente os camponeses que conservavam os ensinamentos de Wycliffe, acolheram também, com bons olhos os ensinamentos de Lutero. Além disso, a Igreja era odiada pelo povo inglês, de um modo geral, na medida em que estava associada ao maior inimigo da Inglaterra - a Espanha.
O poder político da Igreja durante a Idade Média poderia ser comparado com a autoridade real. Henrique VIII, para fortalecer seu poder e torna-lo absoluto, necessitava derrotar a Igreja Católica.
As riquezas da Igreja incomodavam os proprietários rurais capitalistas e os elementos da nova nobreza inglesa, que tinham interesses nas terras da clero. Assim sendo, aliaram-se a Henrique VIII em sua luta contra a Igreja Romana.
Outro fato que acabou também por acelerar o rompimento da monarquia inglesa com a Igreja foi a negativa do pedido de Henrique VIII de divorciar-se de sua esposa Catarina de Aragão. Esse pedido estava justificado por duas razões, que Henrique VIII acreditava serem de suma importância: em primeiro lugar, Catarina era uma princesa espanhola, como Henrique VIII tinha em vista o estabelecimento de uma aliança com a França, hostil à Espanha, a nacionalidade de sua esposa prejudicava. Em segundo lugar, Catarina não lhe dera um herdeiro masculino, o que impediria a perpetuação da dinastia dos Tudor.
Normalmente, em tal situação, o Papado não recusaria o divórcio. Mas, como instrumento da política de Carlos V, Imperador do Sacro Império e primo de Catarina, procurou contemporizar. Com a demora da tomada de uma decisão por parte do Papado, Henrique VII resolveu romper as relações com Roma.
No período compreendido entre 1529-1536, o Parlamento inglês votou uma série de leis separando a Igreja inglesa do controle de Roma e colocando-se sob o controle do Estado inglês. Henrique VIII tornou-se chefe supremo da Igreja Anglicana, nomeando seus funcionários e determinando seus dogmas religiosos.
A partir de 1536 foram extintos alguns mosteiros, expropriadas as terras da Igreja, posteriormente vendidas à nova nobreza, aos comerciantes e aos fazendeiros capitalistas. Tais grupos, favorecidos economicamente com a compra dessas terras, passaram a ser o sustentáculo político da Igreja Anglicana.
A Contra-Reforma e o Concilio de Trento
O objetivo fundamental da Contra-Reforma foi a contenção da expansão do protestantismo na Europa ligada a esse objetivo fundamental, a Igreja Católica reuniu-se na cidade de Trento, no final do ano de 1535, e após muitas hesitações e desentendimentos entre o Papa, bispos, reis, editou um documento contendo as principais medidas que julgavam, no momento, necessárias.
O Concílio de Trento reforçou o poder do Papa, criou o Índex, relação de livros proibidos à leitura dos cristãos eliminou a comunhão de ambos os tipos (pão e vinho), mantendo apenas a comunhão do pão. Obrigou os bispos a residirem em suas sedes, conservou os sete sacramentos, reforçou o Tribunal da inquisição, afirmou que somente a Igreja poderia interpretar a Sagrada Escritura e fixou regras para a formação e a vida dos padres.
A fundação da Companhia de Jesus foi a principal arma utilizada pela reforma católica. A Companhia de Jesus, fundada pelo nobre militar espanhol Ignácio de Loyola, adotou uma estrutura militar, chegando mesmo a ser conhecida como o Exército de Cristo.
Ao contrário das antigas ordens religiosas, não se afastavam do mundo, mas atuavam nele, procurando ter o apoio dos governantes europeus na sua luta contra o protestantismo, fundando escolas, e catequizando os aborígines nos novos mundos surgidos com a expansão marítima.
sábado, 12 de maio de 2012
Aparelho genital feminino - anatomia
GENERALIDADES
É possível distinguir as estruturas pertencentes ao aparelho genital feminino em dois grupos de órgãos: os externos, directamente ligados ao exterior ou até visíveis a olho nu, e os internos, localizados no interior da cavidade pélvica.
Os órgãos genitais externos são essencialmente os elementos que formam a vulva, embora também se possa incluir a vagina neste grupo, e correspondem às estruturas que participam na cópula, o acto que permite a entrada das células reprodutoras masculinas, ou seja, dos espermatozóides presentes no sémen, no organismo feminino com o intuito de se encontrarem com as células reprodutoras femininas, de modo a que possa ocorrer a fecundação, o ponto de partida para o desenvolvimento de um novo ser.
Os órgãos genitais internos compreendem os ovários, que constituem as gónadas femininas, nas quais os óvulos são formados e as hormonas sexuais femininas são elaboradas; as trompas de Falópio, as duas estruturas tubulares que se prolongam dos ovários até ao útero e nas quais as células reprodutoras masculinas se encontram com as células reprodutoras femininas; e o útero, o órgão oco no interior do qual se desenvolve o embrião após a fecundação.
VULVA
A vulva corresponde ao conjunto dos órgãos genitais femininos que se localizam totalmente no exterior do organismo e que são visíveis a olho nu. Todavia, alguns deles apenas são observados a partir do exterior se as coxas se encontrarem juntas, como é o caso do monte de Vénus, uma almofada rica em tecido adiposo, situada à frente da púbis o formando uma proeminência coberta de pêlos, e mais abaixo os grandes lábios, duas pregas grossas e simétricas de pele, cuja superfície externa se encontra igualmente revestida de pêlos e com uma superfície interna humedecida pelas secreções viscosas de várias glândulas, que se prolongam do monte de Vénus até ao períneo, de modo a revestir os elementos subjacentes.
A separação dos grandes lábios proporciona a observação dos pequenos lábios, duas pregas de pele mais finas e sem pêlos, cuja união da parte anterior constitui uma pequena camada do clítoris, um pequeno órgão eréctil, equivalente ao pénis masculino (com um par de corpos cavernosos, mas sem corpo esponjoso) e constituído por inúmeras terminações nervosas sensitivas, enquanto que a parte posterior se encontra ligada aos grandes lábios. Por baixo dos pequenos lábios existe um espaço de forma oval designado vestíbulo, no centro do qual se encontra a entrada da vagina, enquanto que à sua frente localiza-se o orifício de saída da uretra, o meato urinário, situado numa pequena proeminência denominada papila uretrai. Existem várias glândulas secretoras que desaguam igualmente nesta zona: as duas glândulas de Skene, igualmente denominadas glândulas para-uretrais, cujos orifícios de saída se localizam na papila uretral em ambos os lados do meato urinário; as duas glândulas de Bartholin, igualmente denominadas glândulas vestibulares maiores ou paravaginais, cujos orifícios de saída encontram-se entre a parte posterior do orifício vaginal e os pequenos lábios; e as inúmeras glândulas vestibulares menores, distribuídas ao longo de todo o vestíbulo e especialmente abundantes à volta da papila uretral e do clítoris.
VAGINA
A vagina é um órgão tubular oco com cerca de 8 a 12 cm de comprimento e um diâmetro muito variável, já que os seus septos são muito elásticos e conseguem dilatar-se, de modo a acolherem o pénis durante o coito e até para permitirem a saída do feto para o exterior no momento do parto. Situada entre a bexiga e o recto, a vagina tem uma disposição oblíqua, de cima para baixo e de trás para a frente.
A superfície interna da vagina encontra-se revestida por uma camada mucosa constituída por pequenas glândulas, cujas secreções contribuem para a lubrificação do canal. Por baixo da mucosa existe uma camada de tecido muscular e de tecido conjuntivo.
Na parte superior, a vagina encontra-se ligada ao útero, cujo colo se eleva no fundo do canal vaginal, enquanto que a extremidade inferior se abre para o exterior através de um orifício situado no vestíbulo da vulva, entre os pequenos lábios. Nas mulheres virgens, este orifício encontra-se parcialmente revestido por uma membrana denominada hímen (do grego, membrana), de consistência e forma variáveis, com um orifício central que permite a passagem do fluxo menstrual, embora possa ser rompido, com maior ou menor facilidade, através da utilização de tampões ou através da realização do primeiro coito, deixando pequenos restos cicatriciais conhecidos como carúnculas himeniais nas extremidades.
ÚTERO
O útero é um órgão oco situado no centro da pélvis, por trás da bexiga e à frente do recto. Tem a forma de uma pêra invertida, com cerca de 7 a 8 cm de comprimento, entre 3 a 4 cm de diâmetro na sua parte mais larga e um peso um pouco inferior a 100 g, embora as suas dimensões se alterem significativamente durante a gravidez, ao longo da qual o útero aumenta milhares de vezes e alcança um peso superior a 1 kg.
O útero é constituído por duas porções: o corpo, que corresponde à parte superior, e o colo, que equivale à porção inferior e se encontra ligado à vagina. O corpo do útero, que representa 75% da parte superior do órgão, tem uma forma cónica e plana e septos muito espessos, sendo igualmente constituído por uma cavidade que irá acolher o eventual fruto da gestação. Esta cavidade uterina tem uma forma triangular, em que os dois vértices que se encontram na parte superior, denominada fundo do útero, correspondem à saída das trompas de Falópio, enquanto que o vértice inferior corresponde a um orifício que liga a cavidade uterina ao colo. O colo do útero, ou cérvix, que corresponde aos restantes 25% do órgão, é muito mais estreito, de forma cilíndrica, apresenta uma proeminência, cuja parte superior acolhe uma porção denominada focinho de tenca, e está atravessado longitudinalmente por um canal, o canal cervical, directamente ligado à vagina e, consequentemente, ao exterior.
Os septos do útero são constituídos por várias camadas. O interior da cavidade uterina encontra-se revestido por uma camada mucosa de tecido epitelial, composta por inúmeras glândulas, denominada endométrio, cujas características se alteram sob a influência hormonal, na medida em que cresce e vasculariza-se ao longo do ciclo menstrual, de modo a preparar-se para o eventual acolhimento de um óvulo fecundado. Caso não exista qualquer óvulo fecundado, o endométrio acaba por se desunir e ser eliminado para o exterior, originando a menstruação.
Por baixo do endométrio, existe uma espessa camada de tecido muscular, denominada miométrio, que constitui a maior parte da espessura do órgão. Trata-se de um tecido muscular liso, disposto em várias camadas, cujas contracções involuntárias são fundamentais para o trabalho de parto.
No exterior do miométrio existe uma fina camada de tecido conjuntivo que se encontra revestida ao longo da maioria do órgão pelo peritoneu, a membrana que reveste os órgãos abdominais: na frente, o peritoneu dobra-se, antes de chegar ao colo uterino, de modo a revestir a bexiga, enquanto que por trás reveste o colo uterino antes de se dobrar várias vezes, com o objectivo de revestir o recto, proporcionando a formação de uma cavidade denominada fundo de saco de Douglas.
Embora o útero se encontre virado para a frente, na maior parte das mulheres, por vezes, pode estar inclinado para trás. Existem várias estruturas que garantem a manutenção do órgão na sua posição, nomeadamente os ligamentos largos, situados nas partes laterais, que correspondem a estreitas pregas do peritoneu, onde também se incluem as trompas de Falópio e os ligamentos ováricos, até alcançarem os septos laterais da pélvis.
Os ligamentos redondos também constituem um importante meio de ligação, tendo em conta que unem cada ângulo superior do corpo do útero à virilha e terminam na profundidade dos grandes lábios da vulva, bem como os ligamentos útero-sagrados, que se prolongam do útero até ao osso sacro.
TROMPAS DE FALÓPIO
As trompas de Falópio são duas estruturas tubulares ocas semelhantes a chifres de veado, com cerca de 10 a 12 cm de comprimento, que se evidenciam uma em cada lado do corpo do útero, terminando muito perto do ovário correspondente. Cada trompa desagua ao longo da extremidade mais fina directamente na cavidade uterina através de um orifício situado num dos vértices superiores do corpo do útero, enquanto que a outra extremidade, a mais larga, conflui na cavidade peritoneal na proximidade do ovário, já que a sua missão é, precisamente, captar o óvulo que se desune do ovário na ovulação e transportá-lo até ao útero, de modo a que, ao longo do seu caminho, possa ser fecundado por espermatozóides que efectuem o caminho inverso.
A trompa de Falópio é constituída por várias partes. Em primeiro lugar, é preciso distinguir uma porção intramural, de aproximadamente 1 cm de comprimento, incluída na espessura do septo uterino, e uma porção livre (a maior parte), que fica no exterior do útero e se prolonga até ao ovário, incluída na prega do peritoneu denominada ligamento largo.
A parte mais próxima do útero, de cerca de 3 cm de comprimento e 3 mm de diâmetro, denomina-se istmo, enquanto que a seguinte, com cerca de 5 cm de comprimento e progressivamente mais larga, designa-se ampola.
Por fim, a última porção denomina-se infundíbulo ou pavilhão, apresenta entre 2 a 3 cm de comprimento, uma forma de cone com extremidades irregulares e prolongamentos denominados fímbrias, que se encontram sobre o ovário.
OVÁRIOS
Os ovários são dois órgãos glandulares em forma de amêndoa, com cerca de 3 a 4 cm de comprimento e perto de 2 cm de largura na mulher adulta, localizados simetricamente na parte inferior da cavidade pélvica em ambos os lados do útero e cada um debaixo da correspondente trompa de Falópio, seguros nessa posição por vários ligamentos. Por outro lado, os ovários correspondem às gónadas femininas, já que é neles que as células hormonais reprodutoras e as hormonas sexuais femininas são produzidas.
Cada ovário é constituído por duas zonas: uma periférica, designada córtex, onde se encontram as células reprodutoras e outra central, a medula, formada essencialmente por tecido conjuntivo e onde se encontram os vasos sanguíneos que irrigam o órgão. A superfície externa do córtex encontra-se revestida por uma camada denominada epitélio germinativo, sob a qual existe uma fina membrana fibrosa de cor esbranquiçada denominada túnica albugínea. Por baixo desta camada encontra-se o estroma, formado por abundantes células e fibras conjuntivas, o qual apresenta na sua espessura as principais estruturas do órgão: os folículos ováricos, de diferente tamanho, conteúdo e denominação, mediante o grau de amadurecimento. No momento do nascimento, os ovários são constituídos por cerca de 400 000 folículos primários, de tamanho reduzido, cada um deles composto por um ovócito primário, que constitui a célula germinal feminina imatura, rodeado por uma camada de células foliculares.
A partir da puberdade, a influência das hormonas gonadotrofinas hipofisárias provoca um constante processo de amadurecimento de alguns folículos, que será detalhadamente explicado na fisiologia do aparelho genital feminino.
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