terça-feira, 26 de junho de 2012

SIGNIFICADO, ORIGEM E MISSÃO DA IGREJA


ECLESIOLOGIA

ESCOLA DE MINISTÉRIO – SETOR PASTORAL ITAIM PAULISTA.
FORMAÇÃO ADMINISTRADA EM 23 DE JUNHO DE 2012.
Pe. Marcus Fernando.

TEMA I: SIGNIFICADO, ORIGEM E MISSÃO DA IGREJA.
a) Igreja: uma palavra, um significado, três realizações. 
Igreja é uma palavra de origem grega  εκκλησία [ekklesia] e latim ecclesia, escolhida pelos autores da Septuaginta (a tradução grega da Bíblia Hebraica) para traduzir o termo hebraico q(e)hal Yahveh, usado entre os judeus para designar a assembleia geral do "povo do deserto".
 Na tradução grega do Antigo Testamento (séculos III-II aC), “ekklesía” era usada para traduzir o hebraico “qahal”, palavra que designava a assembléia do povo de Israel, povo eleito por Deus, reunido diante do Senhor para escutar sua palavra e responder-lhe “amém”.
 A assembléia por excelência fora aquela do Sinai, quando Deus deu a lei ao seu povo (cf. Ex 19): aquele dia ficou conhecido como dia da qahal, dia da ekklesía, dia da igreja: 
O Senhor falou estas palavras a toda a vossa assembléia (= ekklesía), sobre a montanha, do meio das chamas... (Dt 5,22). Nenhum amonita nem moabita entrarão na assembléia do Senhor, nem mesmo na décima geração; não poderão entrar nunca na assembléia do Senhor, porque não saíram ao vosso encontro no caminho para oferecer pão e água, quando saístes do Egito. Eles também contrataram contra ti Balaão filho de Beor, de Petor na Mesopotâmia, para te amaldiçoar. Mas o Senhor teu Deus não quis ouvir Balaão e converteu a maldição em bênção, porque o Senhor teu Deus te ama. Jamais procurarás fazer amizade com eles nem te interessarás por seu bem-estar, enquanto viveres. Não detestes o edomita, pois é teu irmão. Não detestes o egípcio, pois foste estrangeiro em sua terra. Os seus filhos na terceira geração poderão entrar na assembléia do Senhor (Dt 23,4-9). 
Mais tarde, os cristãos começaram a chamar “ekklesía” (= Igreja) à sua própria reunião, a convocação, a comunidade reunida por Cristo para num só Espírito Santo dar glória ao Pai. No entanto, a palavra Igreja tem três significados no Novo Testamento – três significados ainda hoje válidos e muito importantes: 
.  Igreja é primeiramente a assembléia reunida para a liturgia, isto é para a eucaristia: aí, como o Israel do deserto, escutamos a palavra de Deus e celebramos a aliança: 
Em primeiro lugar, ouço dizer que, quando vos reunis em assembléia (= en ekklesía), há entre vós divisões e, em parte, o creio... Quando, pois, vos reunis, o que fazeis não é comer a Ceia do Senhor... (1Cor 11,18.20). 
Mas numa assembléia (= Allá en ekklesía), prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência, para instruir também os outros, a dizer dez mil em línguas (1Cor 14,19). 
Saudai Prisca e Áquila... Saudai também a Igreja que se reúne em sua casa (Rm 16,5). 
2º.  Igreja é também a comunidade local, reunida em torno da palavra de Deus, dos seus pastores e da eucaristia. É o sentido atual de diocese ou Igreja local: 
Paulo pela vontade de Deus chamado a ser apóstolo de Jesus Cristo, e o irmão Sóstenes, à Igreja de Deus (= tè ekklesía tou Theoú) que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos... (1Cor 1,1s) 
Quanto à coleta em favor dos santos, fareis como determinei nas igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, ponha cada um de parte em sua casa o que bem lhe parecer, de modo que não se façam as coletas depois de eu chegar (1Cor 16,1s). 
Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós graça e paz (1Ts 1,1). 
3º. Enfim, Igreja significa toda a comunidade universal dos crentes em Cristo Jesus
É que sou o menor dos apóstolos. Nem sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus (1Cor 15,9). 
Certamente ouvistes falar como outrora vivia eu no judaísmo. Perseguia ferrenhamente a Igreja de Deus e procurava exterminá-la (Gl 1,13). 
Marido ame vossas esposas, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela,  para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef 5,25-ss). 
            Assim, a Igreja está presente onde os discípulos de Cristo se reúnem em assembléia para ouvir a Palavra e repartir o pão e o vinho eucarísticos, sob a presidência de seus legítimos pastores. Estas assembléias não formam muitas Igrejas, mas uma só Igreja de Cristo Jesus localizada em determinada cidade ou região sob a presidência do Bispo e de seu presbitério. O conjunto das várias Igrejas locais não faz uma federação de Igrejas, mas é a única Igreja, presente em toda a terra. 
b) A Igreja nascida da Páscoa do Cristo Jesus 
            Na Escritura Sagrada, aparece de modo claro e constante que a Igreja é fruto da missão de Cristo, nasce dele, mais precisamente, de sua Páscoa: 
Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro depois do sábado, estando trancadas as portas do lugar onde estavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus chegou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos se alegraram ao ver o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”. Após essas palavras, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados serão perdoados. A quem não perdoardes os pecados não serão perdoados” (Jo 20,19-23). 
Cristo, o Homem Novo, no primeiro dia após o sábado, dia da Antiga Aliança, sopra o Espírito Santo sobre os apóstolos, gerando uma humanidade nova, que é a Igreja. Ela é fruto da morte e ressurreição do Senhor, de suas feridas. É assim, no Espírito do Ressuscitado, que a Igreja nasce e viverá para sempre. O próprio evangelho de João já tinha prefigurado isto: 
Em seguida, sabendo que tudo estava consumado e para se cumprir plenamente a Escritura, Jesus disse: “Tenho sede”. Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados fixaram uma esponja embebida em vinagre numa vara de hissopo e lhe aproximaram da boca. Depois de provar o vinagre, Jesus disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Os judeus pediram a Pilatos que quebrassem as pernas dos crucificados e fossem retirados. Assim o fizeram porque já era a tarde de sexta-feira e não queriam que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, por ser aquele sábado particularmente solene. Os soldados vieram e quebraram as pernas do primeiro e do outro que tinham sido crucificados com ele. Quando chegaram, porém, a Jesus e viram que estava morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados traspassou-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Quem o viu deu testemunho, e o seu testemunho é digno de fé. Sabe que diz a verdade, para que também vós creiais (Jo 19, 28-35). 
A entrega que Cristo faz do Espírito ao Pai já prefigura e prepara a entrega que ele fará desse mesmo Espírito à sua Igreja. Pois bem, logo após a entrega do Espírito, o lado do Senhor é perfurado e saem sangue e água. O Evangelho deixa claro, pela solenidade com que narra o fato, que aqui há um significado misterioso! A água é sinal do batismo, o sangue é símbolo da eucaristia, os dois sacramentos fundamentais da Igreja: 
Quem é o vencedor do mundo senão quem crê que Jesus é o Filho de Deus? Jesus Cristo é quem veio pela água e pelo sangue. Não somente na água mas na água e no sangue. E é o Espírito que dá testemunho porque o Espírito é a verdade. Três são, pois, os que testemunham: o Espírito, a água e o sangue, e estes três estão de acordo. Se aceitamos o testemunho dos homens, maior é o testemunho de Deus. Este é o testemunho de Deus: Ele deu testemunho a respeito de seu Filho. Quem crê no Filho de Deus, possui em si este testemunho. Quem não crê em Deus, faz dele um mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus prestou de seu Filho. E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna e esta vida está em seu Filho. Quem possui o Filho possui a vida e quem não tem o Filho de Deus não tem a vida (1Jo 5,5-12). 
Este texto do mesmo autor do Quarto Evangelho, ajuda-nos a compreender o sentido do sangue e da água da cruz: crer que Jesus é o Filho de Deus não é simplesmente uma afirmação com a mente e o coração, mas exige uma experiência sacramental, real, da graça de Cristo ressuscitado. Ora, tal experiência somente é possível se recebermos o Espírito Santo que ressuscitou Jesus e no qual ele vive na sua natureza humana. E como se dá tal experiência? Pelo Batismo e a Eucaristia, que nos dão – juntamente com os outros sacramentos – o dom do Espírito: “Ele veio (ele continua vindo!) pela água e pelo sangue. E é o Espírito que (recebido na celebração do batismo e da eucaristia) dá testemunho (no nosso coração, no nosso ser e em toda a nossa vida) porque o Espírito é a verdade!” Recordemo-nos que o próprio Jesus tinha prometido o Espírito da verdade, que daria testemunho dele (cf. Jo 14,15-17.25-26; 16,13s). Pois bem, o Espírito, experimentado nos sacramentos da Igreja, fazendo-nos ter a certeza que Jesus é o Filho de Deus, dá-nos este testemunho interior: nós temos a Vida eterna!
Assim sendo, Deus prefigura a Igreja, nova Eva, que nasce do lado aberto do Cristo, Novo Adão, na água e no sangue e sob o bafejo do dom do Espírito. Foi isso que Jesus realizou na sua Páscoa. É este mistério que os apóstolos experimentam na tarde do Domingo da ressurreição! Neste encontro com o Ressuscitado, cumprem-se as promessas: os apóstolos são batizados no Espírito, tornam-se novas criaturas em Cristo e são, agora, cristãos, ministros do Evangelho (“como o Pai me enviou, eu vos envio”) e do perdão dos pecados (“a quem perdoardes os pecados...”). Assim nasce a Igreja, que será manifestada ao mundo cinqüenta dias depois, no Domingo de Pentecostes, quando o dom do Espírito será manifestado de modo visível e palpável, marcando o início da missão evangelizadora da Igreja.
            Então, rigorosamente falando, não existia Igreja antes da Ressurreição. É necessário ter presente que a Igreja não é como uma associação ou partido, que vive simplesmente da recordação ou dos ideais do fundador. A Comunidade eclesial vive realmente da vida do Cristo morto e ressuscitado... e isso só é possível no Espírito do Cristo, dado na Páscoa: 
No último dia, o mais importante da festa, Jesus falou de pé e em voz alta : “Se alguém tiver sede venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva”. Referia-se ao Espírito que haviam de receber aqueles que cressem nele. De fato, ainda não tinha sido dado o Espírito, pois Jesus ainda não tinha sido glorificado (Jo 7,37-39).

            Mas, então, Cristo não pensou na Igreja enquanto estava neste mundo? Não fundou a Igreja?
            Antes de pensarmos sobre estas questões, é importante aprofundar um pouco a idéia da Igreja como Nova Eva. A Escritura diz, após o pecado: 
O homem chamou sua mulher “Eva”, por ser a mãe de todos os viventes (Gn 3,20). 
Trata-se, aqui, de um jogo de palavras: Eva (= Havvah) vem da raiz hebraica hayah, que significa “viver”. Assim, Eva seria a mãe dos viventes. Mas, pelo pecado, Eva torna-se mãe dos mortos, dos que estão condenados a perecer. A verdadeira Mãe dos viventes é a Nova Eva, a Igreja, Mãe dos que nascem, no Espírito de Cristo, para uma vida plena! 
c) A Igreja preformada por Cristo durante sua vida terrena 
            É verdade que não podemos falar de Igreja em sentido pleno antes da ressurreição do Cristo e do dom do seu Espírito, fruto dessa ressurreição. Mas isso não significa que Jesus não pensou ou não quis a Igreja. Esta Igreja que ele fundou de modo real com sua morte e ressurreição, ele mesmo a “pré-formou” nos dias de sua vida terrena: preparou-lhe o corpo durante seus dias na terra e soprou-lhe o Espírito após a ressurreição. Vejamos alguns gestos concretos de Jesus que mostram que ele quis a Igreja e a preparou: 
  • Jesus chamou seus apóstolos como Doze, simbolizando claramente a constituição de um novo Israel – como o antigo Israel tinha como fundamento os doze patriarcas:
Depois subiu a montanha, e chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu Doze (Mc 3,13-14a; cf. At 1,26: Ap 21,12-14). 
  • Dentre os Doze, Jesus escolheu Simão e mudou-lhe o nome: a escolha mostra a intenção de Jesus de constituir sua Igreja como organização estável; o nome, mais uma vez compara a Igreja ao antigo Israel:
Olhai para a rocha da qual fostes talhados; olhai para Abraão, vosso pai (Is 51,2). 
Cristo vai talhar um novo Israel, que é a Igreja, e Pedro é como que um novo Abraão, canteiro donde se tiram pedras vivas. Por isso mesmo Jesus afirma claramente que sobre ele edificará a sua Igreja: 
Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja (Mt, 16, 18).  
  • Jesus instituiu a eucaristia e ordenou a sua Igreja que a celebrasse até sua volta (cf. Mc 14,22s; Mt 26,26ss; Lc 22,14; 1Cor 11,23).
  • Tanto Jesus pensou e quis a sua Igreja, que Mateus reúne, no capítulo 18 de seu evangelho, num longo discurso, várias determinações de Jesus sobre a Igreja que nasceria de sua Páscoa: quem é o maior (18,1-4); o problema do escândalo na comunidade (18,5-11); o dever dos pastores da Igreja de procurar os pequeninos que saíram escandalizados (18,12-14); a correção fraterna na Igreja (18,15-18); a oração em comum na Igreja (18,19-20); o perdão das ofensas na Comunidade eclesial (18,21-35).
        Podemos então compreender que toda a ação de Jesus para salvar a humanidade, caminhava para a formação da Comunidade messiânica, que é a Igreja: 
Jesus iria morrer pela nação – e não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus dispersos (Jo 11,51s). 
Compreendemos, também, como no evangelho de João, Jesus reza pela Igreja: 
Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste (Jo 17,20-22). 
Finalmente, aparece clara, neste contexto, a afirmação de São Paulo: 
Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (Ef 5,25). 

d)A Igreja, preparada e prefigurada no Antigo Testamento 

            A Igreja, fundada por Cristo, sempre esteve presente no plano de Deus. Ele não improvisa nada! Assim, já no Antigo Testamento aparece de modo muito claro como Deus foi preparando e prefigurando a Igreja de seu Filho. Isto é tão sério, que os primeiros cristãos diziam que Deus criou o mundo em vista da Igreja, quer dizer, em vista de reunir toda a humanidade numa única assembléia – aquela do único povo de Deus! Então, vejamos alguns elementos dessa preparação: 
• O próprio relato da criação mostra o mundo que Deus sonhou: um mundo de comunhão dos homens com ele (cf. Gn 3,8), com os outros (cf. Gn 2,25) e com toda a natureza (cf. Gn 1,28ss). Desde o início, Deus cria o homem para ser homem em comunhão, humanidade em comunhão! 
• Mesmo com o pecado, Deus busca aliança com toda a humanidade em Noé (cf. Gn 9,9-10.16). Ainda no contexto do dilúvio, a arca da aliança aparece como uma imagem remota da Igreja (cf. Gn 6,14; 7,1): 
E neste mesmo Espírito foi pregar aos espíritos que estavam na prisão, rebeldes outrora, quando nos dias de Noé os esperava a paciência de Deus, enquanto se fabricava a arca, na qual poucos, isto é, oito pessoas, se salvaram pela água. O que lhe corresponde agora é o batismo que vos salva, não tirando a sujeira da carne mas pedindo a Deus uma boa consciência pela ressurreição de Jesus Cristo (1Pd 3,19ss). 
• Para compreender o mistério da Igreja no Antigo Testamento, é importantíssimo o fato da vocação de Abraão: com um chamado gratuito, a ser respondido na fé, Deus vai formar um povo, o povo de Israel, imagem do novo povo em Cristo, que será a Igreja (cf. Gn 12,1-3). 
• Tirando Israel do Egito, no Êxodo, estabelecendo com ele uma aliança no Sinai e dele fazendo o seu povo sua qahal, Deus preparou a imagem por excelência da Igreja no Antigo Testamento:
Agora, se realmente ouvirdes minha voz e guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade exclusiva dentre todos os povos. De fato é minha toda a terra, mas vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. “São estas as palavras que deverás dizer aos israelitas”.
Moisés foi chamar os anciãos do povo e expôs tudo o que o Senhor lhe tinha mandado. O povo inteiro respondeu unânime: “Faremos tudo o que o Senhor falou” (Ex 19,5-8). 
• As várias instituições e experiências de Israel tornam-se, então, imagens e prefigurações da Igreja e de sua vida:
Não quero, irmãos, que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, que todos atravessaram o mar, e todos foram batizados em Moisés sob a nuvem e pelo mar; que todos comeram o mesmo pão espiritual e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam da rocha espiritual que os seguia, e a rocha era Cristo. Porém, Deus não se agradou da maioria deles, pois foram prostrados no deserto. Estas coisas, porém, aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de que não cobicemos o mal, como eles cobiçaram, nem vos torneis idólatras como alguns deles, segundo está escrito: Sentou-se o povo para comer e beber, e levantaram-se para dançar. Nem nos entreguemos à prostituição, como alguns deles se entregaram, caindo vinte e três mil num só dia. Nem tentemos o Senhor, como alguns deles tentaram, e pereceram pelas serpentes. Nem murmureis, como alguns deles murmuraram, acabando em mãos do exterminador. Todas estas coisas lhes sucederam para servir de exemplo, e foram escritas para advertir a nós, para quem chegou a plenitude dos tempos (cf. 1Cor 10,1-11). 
Vejamos alguns exemplos: 
A travessia do Mar Vermelho >> imagem do batismo (Ex 13,17 – 14,31; 1Cor 10,1-5)
O maná >> imagem da eucaristia (Ex 16; Jo 6,30-35.51)
A travessia do deserto rumo à terra prometida >> imagem do caminho da Igreja (1Pd 1,1; Hb 13,14)
Jerusalém >> imagem da Igreja (Is 2,1-5; Sl 122(121); Gl 4,26; Ap 21,1-27)
O templo >> imagem da Igreja (2Cor 6,16; Ef 2,20ss)
A vinha, alegoria de Israel >> imagem da Igreja (Is 5,1-7; Mt 21,33-43)
A virgem esposa, alegoria de Israel >> imagem da Igreja (Os 2,4-25; Ap 21,2.9; 22,17; Ef 5,25s)

Bibliografia:
2. Compêndio do Vaticano II. Lumen Gentium § 1 a 23. Ed. Vozes. Petrópolis. 2000.
3. Catecismo da Igreja Católica. § 758 a 776. Ed. Loyola. São Paulo. 2000. 

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