terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

LEI DA FICHA LIMPA

Lei amplia casos de inelegibilidade
Lei Complementar 135/10, conhecida como Ficha Limpa, impede candidaturas de pessoas condenadas pela Justiça, em decisão colegiada, por praticarem crimes de corrupção, abuso de poder econômico, homicídio e tráfico de drogas. Publicada no dia 4 de junho de 2010, a lei também amplia os casos e o período de inelegibilidade, estabelecendo em oito anos o tempo em que o político fica impedido de se candidatar quando for condenado por crimes eleitorais, hediondos, contra o meio ambiente, racismo e outros.
Sancionada sem vetos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Ficha Limpa alterou a Lei Complementar 64/90, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato.
Anteriormente, o tempo de inelegibilidade para pessoas condenadas pela Justiça variava de três a oito anos. Pela Ficha Limpa, o prazo geral fixado para inelegibilidade passou a ser de oito anos para todos os casos, contanto que a condenação do político tenha sido proferida por órgão colegiado da Justiça ou em decisão transitada em julgado (quando não pode mais haver recurso). Outra exigência para tornar o candidato inelegível é que o condenado receba pena de mais de dois anos de prisão, devido a situações nas quais houve dolo.
A lei surgiu a partir da iniciativa popular, tendo recebido 1,6 milhões de assinaturas colhidas pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. A partir dessa iniciativa, foi apresentado projeto de lei ao Congresso em setembro de 2009. Na Câmara, a matéria foi aprovada sob a forma de substitutivo, incluindo mais nove projetos similares que tramitavam naquela Casa. O texto final foi aprovado pelo Plenário do Senado no dia 19 de maio de 2010 e enviado à sanção presidencial.

Principais pontos da Ficha Limpa
    • Corrupção: Entre as novas causas de inelegibilidade, seja com sentença transitada em julgado ou condenação por colegiado, a lei incluiu o crime de corrupção eleitoral, inclusive compra de votos, prática de caixa dois ou conduta proibida em campanhas para os que já são agentes públicos. É necessário, entretanto, que o crime implique cassação do registro ou diploma, em julgamento na Justiça Eleitoral. Também fica inelegível quem for condenado por ato doloso de improbidade administrativa com lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.
    • Processo administrativo: A inelegibilidade também pode ocorrer quando magistrados e integrantes do Ministério Público deixarem os cargos na pendência de processo administrativo. Ficam ainda inelegíveis, salvo anulação ou suspensão do ato pela Justiça, os demitidos do serviço público devido a processo administrativo e os condenados por órgão profissional com perda do direito de trabalhar na área, em decorrência de infração ética ou profissional.
    • Efeito suspensivo: O candidato pode pedir que tenha efeito suspensivo o recurso que ele apresentar contra uma decisão colegiada. No entanto, isso dará mais rapidez ao processo, que terá prioridade de julgamento. Se o recurso for negado, será cancelado o registro da candidatura ou o diploma do eleito. O efeito suspensivo tem o objetivo de conciliar dois fatores: o desejo da sociedade de evitar que pessoas sem ficha limpa disputem cargos eletivos e o direito ao contraditório e à ampla defesa. O julgamento do recurso com efeito suspensivo só não terá prioridade sobre o julgamento de mandados de segurança e habeas corpus. A lei prevê também que a prática de atos pela defesa com a mera intenção de ganhar tempo (recursos protelatórios) provocará a revogação do efeito suspensivo.
    • Renúncia: Os políticos que renunciarem ao mandato para evitar abertura do processo de cassação também ficam inelegíveis. Quem renunciar para não ser cassado, não poderá, portanto, se candidatar nas eleições seguintes. Essa norma vale para os titulares do Executivo e do Legislativo em todas as esferas (federal, estadual, distrital e municipal).
    • Parentes: A simulação de vínculo conjugal ou seu rompimento para burlar a inelegibilidade de parentes é outro caso de inelegibilidade. Antes da Ficha Limpa, a legislação já proibia as candidaturas de cônjuges para os cargos de prefeito, governador e presidente da República.
    • Doação ilegal: Ficam inelegíveis as pessoas físicas ou os dirigentes de pessoas jurídicas condenadas por doações ilegais pela Justiça Eleitoral, em decisão de colegiado ou transitada em julgado.
    • Crimes dolosos: A lei também aumentou a lista de crimes que impedem a candidatura em processos iniciados por ação penal pública. Além daqueles contra a economia popular, a fé pública, a administração e o patrimônio públicos, foram incluídos crimes contra o meio ambiente e a saúde pública, bem como crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, prática de trabalho escravo e delitos cometidos por organização criminosa ou quadrilha, entre outros. Quanto aos crimes de abuso de autoridade, a inelegibilidade ficou restrita aos casos em que o réu for condenado à perda do cargo ou ficar impedido de exercer função pública.
    • Contas rejeitadas: A inelegibilidade causada pela rejeição de contas por irregularidade incorrigível passou a ser condicionada aos casos em que isso seja considerado ato doloso de improbidade administrativa. Nesses, casos, a candidatura só será permitida se a decisão do Tribunal de Contas for suspensa ou anulada pela Justiça.
    • Colaboração: Os processos por abuso do poder econômico ou do poder de autoridade passaram a ter prioridade no Ministério Público e na Justiça Eleitoral, exceto sobre os pedidos de habeas corpus e mandados de segurança. As polícias judiciárias, os órgãos de Receita, os Tribunais de Contas, o Banco Central e o Conselho de Atividade Financeira devem ajudar a Justiça Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral na apuração dos delitos relacionados às eleições, com prioridade sobre as demais atribuições.
Helena Daltro Pontual/Agência Senado

Reciclar é preciso

Reciclar é preciso

1. Lixo à margem de um rio.
1. Lixo à margem de um rio.
Quando o seu xampu acaba, o que você faz com a embalagem? Depois de comer iogurte, para onde vai o potinho? E as sacolinhas plásticas de supermercado, você as reutiliza?
Todos os materiais citados acima são plásticos, e plásticos são polímeros sintéticos, assim como borrachas e fibras sintéticas. Usamos esses materiais em vários setores, como na construção civil, na produção de eletro-eletrônicos, brinquedos, tecidos e embalagens.
Os plásticos estão tão presentes no nosso dia-a-dia que dizem por aí que estamos vivendo a “Idade do Plástico”. No entanto, os polímeros sintéticos têm sido considerados os grandes inimigos do meio ambiente. Sabe por quê? 
2. Praia na Malásia.
2. Praia na Malásia.
Em 1999, estimava-se que cada brasileiro jogasse fora, anualmente, 10kg só de material plástico. Já o europeu descartava em torno de 38kg desse tipo de lixo em um ano. A média do norte-americano – pasmem! – era de 70kg no mesmo período. Atualmente, no Brasil, mais de 183 mil toneladas de lixo urbano de todos os tipos são produzidas por dia, segundo o Ministério do Meio Ambiente.
Agora imagine todo esse lixo abarrotando aterros sanitários e espalhando-se pela natureza, contaminando o solo, a água e a atmosfera? Não precisa nem imaginar muito: as consequências da destinação incorreta do lixo são sentidas frequentemente nas cidades, por exemplo, quando os bueiros entopem e as enchentes prejudicam toda a população.
Ilha de lixo
3.Grande Ilha de Lixo do Pacífico
3.Grande Ilha de Lixo do Pacífico
Mas se você pensa que o lixo que homem joga aqui causa transtornos apenas em locais próximos, está muito enganado. O lixo se espalha e pode até atingir lugares isolados no meio do oceano. Você já ouviu falar da mancha de lixo que se formou no oceano Pacífico?
Entre o litoral da Califórnia e o Havaí, uma grande área do oceano se transformou em um verdadeiro caldo de plástico e lixo e foi tristemente batizada de Lixão do Pacífico. Esse lixo é levado para lá devido às correntes marinhas e é difícil dizer qual o tamanho do problema. Calcula-se que a área seja maior do que a soma dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Os primeiros a sofrerem as consequências, é claro, são os animais. Estimativas do Programa de Meio Ambienta da ONU (UNEP) apontam que anualmente o plástico é responsável pela morte de pelo menos um milhão de animais marinhos. Os pesquisadores já encontraram aves com emaranhados de fios no estômago, águas-vivas enroladas em nylon, uma tartaruga que cresceu com um anel de plástico no meio do casco – e isso sem falar dos peixes, que ingerem os pedacinhos de plástico e absorvem as toxinas do material.
Veja a foto da tartaruga nesse link
Reciclar para preservar
Por isso, uma das grandes preocupações de hoje tem sido o descarte correto e a reciclagem do lixo, não apenas do lixo plástico, mas todos os tipos de resíduo. Os polímeros sintéticos merecem atenção especial, pois, jogados no lixo comum, demoram centenas de anos para se decompor.
Nem todos os materiais podem ser reciclados, por isso, racionalizar seu uso e esclarecer a população sobre como separar o lixo é muito importante.

Reciclar é preciso

Reciclar é preciso

1. Lixo à margem de um rio.
1. Lixo à margem de um rio.
Quando o seu xampu acaba, o que você faz com a embalagem? Depois de comer iogurte, para onde vai o potinho? E as sacolinhas plásticas de supermercado, você as reutiliza?
Todos os materiais citados acima são plásticos, e plásticos são polímeros sintéticos, assim como borrachas e fibras sintéticas. Usamos esses materiais em vários setores, como na construção civil, na produção de eletro-eletrônicos, brinquedos, tecidos e embalagens.
Os plásticos estão tão presentes no nosso dia-a-dia que dizem por aí que estamos vivendo a “Idade do Plástico”. No entanto, os polímeros sintéticos têm sido considerados os grandes inimigos do meio ambiente. Sabe por quê? 
2. Praia na Malásia.
2. Praia na Malásia.
Em 1999, estimava-se que cada brasileiro jogasse fora, anualmente, 10kg só de material plástico. Já o europeu descartava em torno de 38kg desse tipo de lixo em um ano. A média do norte-americano – pasmem! – era de 70kg no mesmo período. Atualmente, no Brasil, mais de 183 mil toneladas de lixo urbano de todos os tipos são produzidas por dia, segundo o Ministério do Meio Ambiente.
Agora imagine todo esse lixo abarrotando aterros sanitários e espalhando-se pela natureza, contaminando o solo, a água e a atmosfera? Não precisa nem imaginar muito: as consequências da destinação incorreta do lixo são sentidas frequentemente nas cidades, por exemplo, quando os bueiros entopem e as enchentes prejudicam toda a população.
Ilha de lixo
3.Grande Ilha de Lixo do Pacífico
3.Grande Ilha de Lixo do Pacífico
Mas se você pensa que o lixo que homem joga aqui causa transtornos apenas em locais próximos, está muito enganado. O lixo se espalha e pode até atingir lugares isolados no meio do oceano. Você já ouviu falar da mancha de lixo que se formou no oceano Pacífico?
Entre o litoral da Califórnia e o Havaí, uma grande área do oceano se transformou em um verdadeiro caldo de plástico e lixo e foi tristemente batizada de Lixão do Pacífico. Esse lixo é levado para lá devido às correntes marinhas e é difícil dizer qual o tamanho do problema. Calcula-se que a área seja maior do que a soma dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Os primeiros a sofrerem as consequências, é claro, são os animais. Estimativas do Programa de Meio Ambienta da ONU (UNEP) apontam que anualmente o plástico é responsável pela morte de pelo menos um milhão de animais marinhos. Os pesquisadores já encontraram aves com emaranhados de fios no estômago, águas-vivas enroladas em nylon, uma tartaruga que cresceu com um anel de plástico no meio do casco – e isso sem falar dos peixes, que ingerem os pedacinhos de plástico e absorvem as toxinas do material.
Veja a foto da tartaruga nesse link
Reciclar para preservar
Por isso, uma das grandes preocupações de hoje tem sido o descarte correto e a reciclagem do lixo, não apenas do lixo plástico, mas todos os tipos de resíduo. Os polímeros sintéticos merecem atenção especial, pois, jogados no lixo comum, demoram centenas de anos para se decompor.
Nem todos os materiais podem ser reciclados, por isso, racionalizar seu uso e esclarecer a população sobre como separar o lixo é muito importante.

Saúde, sociedade e qualidade de vida

Saúde, sociedade e qualidade de vida

Saúde é um direito humano fundamental, reconhecido por todos os foros mundiais e em todas as sociedades. Como tal, saúde se encontra em pé de igualdade com outros direitos garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948: liberdade, alimentação, educação, segurança, nacionalidade etc.
A saúde é amplamente reconhecida como o maior e o melhor recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como uma das mais importantes dimensões da qualidade de vida.
Saúde e qualidade de vida são dois temas estreitamente relacionados, fato que podemos reconhecer no nosso cotidiano e com o qual pesquisadores e cientistas concordam inteiramente. Isto é, a saúde contribui para melhorar a qualidade de vida e esta é fundamental para que um indivíduo ou comunidade tenha saúde.
A Carta de Ottawa - um dos documentos mais importantes que se produziram no cenário mundial sobre o tema da saúde e qualidade de vida - afirma que são recursos indispensáveis para se ter saúde:
  • paz
  • renda
  • habitação
  • educação
  • alimentação adequada
  • ambiente saudável
  • recursos sustentáveis
  • equidade
  • justiça social
Isto implica no entendimento de que a saúde não é nem uma conquista, nem uma responsabilidade exclusiva do setor saúde. Ela é o resultado de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais, coletivos e individuais, que se combinam, de forma particular, em cada sociedade e em conjunturas específicas, daí resultando sociedades mais ou menos saudáveis.
Na maior parte do tempo de suas vidas, a maioria das pessoas é saudável. Isto significa que, na maior parte do tempo, a maioria das pessoas não necessita de hospitais, CTI ou complexos procedimentos médicos, diagnósticos ou terapêuticos.
Mas durante toda a vida, todas as pessoas necessitam água e ar puros, ambiente saudável, alimentação adequada, situações social, econômica e cultural favoráveis, prevenção de problemas específicos de saúde, assim como educação e informação.
Isto quer dizer que fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos podem tanto favorecer, como prejudicar a saúde.
Para se melhorar realmente as condições de saúde de uma população -  um objetivo social relevante em todas as sociedades -, são necessárias mudanças profundas dos padrões econômicos no interior destas sociedades e intensificação de políticas sociais, que são eminentemente políticas públicas. Ou seja, para que uma sociedade conquiste saúde para todos os seus membros, são necessárias uma verdadeira ação inter-setorial e as chamadas políticas públicas saudáveis, isto é, políticas comprometidas com a qualidade de vida e a saúde da população.
Além destes elementos chamados estruturais, que dependem apenas parcialmente da decisão e ação dos indivíduos, a saúde também é decorrência dos chamados fatores comportamentais. Isto é, as pessoas desenvolvem padrões alimentares, de comportamento sexual, de atividade física, de maior ou menor estresse na vida quotidiana e no trabalho, uso de drogas lícitas (como cigarro e bebidas) e ilícitas, entre outros, que também têm grande influência sobre a saúde.
Se cada pessoa se preocupar em desenvolver um padrão comportamental favorável à sua saúde e lutar para que as condições sociais e econômicas sejam favoráveis à qualidade de vida e à saúde de todos, certamente estará dando uma poderosa contribuição para que tenhamos uma população mais saudável, com vida mais longa e prazerosa.
Paulo M. Buss
Professor de Saúde Pública
Presidente da Fiocruz

Tipos de transtornos psiquiátricos


Tipos de transtornos psiquiátricos

Ilustração: Renan Alves
Ilustração: Renan Alves
Transtornos emocionais ou internalizantes
Transtorno de ansiedade de separação: normal nos primeiros anos de vida, a ansiedade de separação é mais comum antes da puberdade, entre 7 e 9 anos. A criança demonstra preocupações persistentes, irreais e exageradas com os pais ou consigo mesma, pesadelos, resistência para ir à escola, dormir sozinha ou fora de casa, raiva, choros, queixas de dores de barriga ou de cabeça, enjoos etc.
Fobias simples ou fobias sociais: ambas são mais frequentes antes da puberdade. Fobias simples são caracterizadas por medos intensos, resistência, antecipação ansiosa ou angústia dirigidas a um objeto ou situação, limitando a vida social da criança. Geralmente, envolvem animais, escuro, tempestades, altura ou procedimentos médicos. Já as fobias sociais (ou transtorno de ansiedade social) se caracterizam pela evitação marcante de contato com pessoas não-familiares, mesmo as da mesma idade, e grande angústia em situações sociais.
Transtorno de ansiedade generalizada: mais comum na adolescência, envolve preocupações constantes sobre comportamentos passados, atuais ou eventos futuros, competência e desempenho. Isso leva a sensações permanentes de tensão, insegurança, necessidade de reafirmação frequente e queixas de dores de cabeça e estômago, náuseas, tensão muscular ou dificuldades para dormir.
Quadros depressivos: mais frequentes na adolescência, podendo também aparecer na infância. Na infância, pode-se observar recusa ou relutância em ir para a escola, irritabilidade e sintomas físicos variados, como dor abdominal e de cabeça, náuseas e vômitos. Na adolescência, perturbação do sono e do apetite, culpa e falta de esperanças são os sintomas mais comuns. Nesses quadros, há o risco de suicídio, mais grave em adolescentes, principalmente quando outros problemas estão associados, como o abuso de álcool e drogas.
Transtornos disruptivos ou externalizantes
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: Existem três formas básicas desse tipo de problema. A forma predominantemente desatenta é mais comum nas meninas: é a diminuição na capacidade de manter o foco da atenção por períodos prolongados. A forma predominantemente hiperativa/impulsiva é mais comum em meninos, havendo inquietude motora ou fala em exagero em diversas situações. Por fim, na forma combinada, há a presença de desatenção, hiperatividade e impulsividade em graus variados. Esses problemas devem estar presentes antes dos 7 anos. O transtorno é mais comum para o sexo masculino, na proporção de três meninos para cada menina.
Esse tipo de distúrbio ganhou grande visibilidade recentemente, e toda hora ouvimos dizer que “tal criança é hiperativa”. No entanto, o psiquiatra Rossano Cabral Lima esclarece que nem toda desatenção ou hiperatividade deve ser considerada patológica. “O constante desvio do olhar em direção a diferentes estímulos e objetos do ambiente e a maior movimentação motora são comuns, especialmente em crianças pequenas. À medida que crescem, esses traços muitas vezes vão ficando mais leves. Além disso, é preciso ressaltar que crianças pouco ativas ou exageradamente concentradas num só estímulo não são necessariamente mais saudáveis. Por outro lado, o déficit de atenção que aparece apenas nas tarefas escolares e a hiperatividade que só aparece em casa ou na presença dos pais são provavelmente relacionados a problemas específicos na escola ou na família, que devem ser investigados”.
Transtorno de conduta: geralmente diagnosticado em torno da puberdade, caracteriza-se por comportamentos persistentemente ameaçadores ou agressivos dirigidos a pessoas ou animais, danos a propriedades, roubos, trapaças, fugas de casa e outras violações de regras sociais. “Esse quadro envolve determinantes sociais (econômicos, familiares) importantes, e não deve ser usado como ‘rótulo’ psiquiátrico, nem encarado como uma doença localizada apenas na criança”, adverte o psiquiatra Rossano Cabral Lima.
- Transtorno opositivo desafiador: normalmente diagnosticado em crianças com menos de 9 anos. Diferentemente do transtorno de conduta, em vez de comportamentos antissociais e violentos, a criança recusa-se a obedecer às regras impostas pelos adultos, demonstrando posturas desafiadoras ou hostis e comportamentos incômodos deliberados, associados também à raiva ou irritabilidade e humor ressentido ou vingativo. Como esclareceu o psiquiatra, esse transtorno também “não deve ser usado como rótulo fácil para crianças difíceis, nem deixar em segundo plano a análise dos fatores psicodinâmicos da relação entre a criança e os pais”.
Transtornos alimentares
Anorexia nervosa: é um quadro que se inicia tipicamente entre os 13 e os 18 anos, predominando no sexo feminino, numa proporção de 10 mulheres para cada homem. Suas principais características são a busca deliberada pela magreza e o medo intenso de ganhar peso, levando a paciente a restringir sua alimentação e a buscar métodos purgativos, como a indução do vômito e o uso de laxativos e diuréticos. Outro traço fundamental são os distúrbios da imagem corporal, ou seja, a impressão distorcida de seu próprio corpo, o que leva a infinitas restrições alimentares, já que a paciente sempre avalia que ainda há gordura a perder.
Bulimia nervosa: atinge predominantemente o sexo feminino (90% dos casos ocorrem em mulheres), e o início costuma ocorrer entre os 12 e os 25 anos (o pico de incidência é aos 18 anos). Aqui há um impulso irresistível de comer em excesso, seguido de indução de vômitos ou uso de purgantes ou laxantes. Na maior parte do tempo, a pessoa está pensando em comida e com medo de engordar. Geralmente, o peso está próximo ao normal. É comum haver depressão associada ao problema, e características de anorexia e bulimia podem vir juntas.