A COMUNICAÇÃO COM OS ENFERMOS
“Saber comunicar é também uma arte, de qualquer maneira estamos sempre a comunicar. A incomunicação é já comunicação.” MENDES (1994:12)
I. INTRODUÇÃO
A palavra comunicar tem a sua origem no latim “comunicare”, que significa pôr em comum, associar ou entrar em relação com. Assim sendo comunicar pode ser visto, “… como uma troca de idéias, sentimentos ou experiências entre pessoas, sendo idêntico o significado que transmitem entre si”. (ALMEIDA & SILVA, 2004:20).
A comunicação pode ser definida como “… um processo emisssor-receptor de canalização de mensagens entre indivíduos no campo do relacionamento”. (SÁ, 1999:26). No nosso dia-a-dia, embora a forma mais freqüente de transmissão de mensagens entre pessoas seja a linguagem falada, a linguagem não verbal assume também um papel muito importante.
Passamos a maior parte do nosso tempo a interatuar com os outros através da comunicação, é na comunicação com os outros que influenciamos os seus comportamentos e que satisfazemos as suas e as nossas necessidades.
“A comunicação é um processo de criação e de recriação de informação, de troca, de partilha e de colocar em comum sentimentos e emoções entre pessoas. A comunicação transmite-se de maneira consciente ou inconsciente pelo comportamento verbal e não verbal, e de modo mais global, pela maneira de agir dos intervenientes. Por seu intermédio, chegamos mutuamente a apreender e a compreender as intenções, opiniões, os sentimentos e as emoções sentidas pela outra pessoa e, segundo o caso, a criar laços significativos com ela”. (PHANEUF, 2005:23).
Segundo SALOMÉ & POTIER (2000) a comunicação é uma tentativa de criar um laço de reciprocidade entre duas pessoas. “Estabelecer uma via de passagem privilegiada entre dois interlocutores por meio da comunicação decorre freqüentemente de um esforço considerável de imaginação”. (PHANEUF, 2005:22). Nesta perspectiva BERNARDO (1988:69) salienta que comunicar é “… pôr-se em relação ativa pela troca de informação recíproca e relativa mudança dos seus intervenientes no processo comunicativo”.
A comunicação pode ser vista e interpretada sobre várias perspectivas, como podemos observar pelas várias definições que foram sendo apresentadas, no entanto, temos de ter sempre presente que a comunicação é a base de todas as relações humanas, variando com a mensagem a transmitir e o contexto. Perante este pressuposto a comunicação pode ser vista como uma “… expressão de ajuda e compreensão que dá resposta à satisfação das necessidades humanas básicas, de ordem afetiva, moral, espiritual e social.” (ALMEIDA & SILVA, 2004:21).
II. A COMUNICAÇÃO E O AGENTE DE PASTORAL DA SAÚDE
Os Agentes de Pastoral da Saúde, para comunicarem eficazmente com os doentes, seus familiares, e/ou pessoas significativas, necessitam para além do conhecimento das técnicas de comunicação, de desenvolver competências no domínio da relação de ajuda e de uma observação cuidada.
Para que uma comunicação seja considerada eficaz, SÁ (1999, 27) define vários critérios que devem estar presentes: “Simplicidade; Clareza; Momento e pertinência; Adaptação; Credibilidade; Congruência e Coerência”, devendo ainda ter em conta os seguintes fatores: “Valorização da conduta não verbal; Aparência física; a postura e a marcha; Expressão facial; Os movimentos das mãos e os gestos”.
PHANEUF (2005:26) considera que os princípios gerais da comunicação são:
- “A comunicação encontra-se em toda a parte”;
- “É impossível não comunicar”;
- “A comunicação situa-se nos planos cognitivo e afetivo”;
- “A comunicação pode ser intencional ou acidental”;
- “No caso das mensagens verbais e não verbais contraditórias é o significado da mensagem não verbal que é retido”;
- “A comunicação é dificilmente reversível”;
- “Os primeiros minutos da comunicação são muito importantes: dão o tom à relação”.
Estes aspectos assumem particular relevância, nas visitas domesticas e hospitalares em que o Agente da Pastoral da Saúde assume um papel primordial na relação de ajuda aos enfermos.
A comunicação afirma-se como muito importante para a eficiência dos cuidados e das visitas, pela confiança que proporciona ao doente, estabelecendo uma relação empática que é facilitadora da recuperação do mesmo, ALMEIDA & SILVA (2004:21) realçam que “Uma boa comunicação permite um alívio do sofrimento e ajuda a enfrentar melhor a situação de doença”. Por outro lado a falta de comunicação contribui para o isolamento progressivo do doente, impedindo-o de participar ativamente na sua recuperação. (ALMEIDA & SILVA, 2004:21).
A comunicação pode assumir várias formas, desde a comunicação verbal, a escrita, a não verbal (postura corporal, gestos, mímica labial, etc.), até a não comunicação, uma vez que a ausência de comunicação pode ser percepcionada por si só como uma mensagem.
Várias são as estratégias de comunicação, apresentamos algumas como:
a) Usar técnicas que aumentem a capacidade de expressão verbal
1. Permitir tempo suficiente para o doente se expressar;
2. Repetir a mensagem transmitida em voz alta;
3. Ignorar erros e profanidades proferidas pelo doente;
4. Não interromper e fornecer palavras apenas ocasionalmente.
5. Incentivá-lo a expressar-se calma e claramente, dando exemplo se necessário;
6. Encorajá-lo a utilizar frases curtas;
7. Explicar as palavras que não claramente perceptíveis;
8. Sugerir que fale com calma e pausadamente;
9. Incentivá-lo a escrever a mensagem ou fazer um desenho caso a comunicação oral não seja possível.
b) Reconhecer as frustrações de cada doente
1. Manter uma atitude positiva;
2. Tranqüilizá-lo usando o toque, se possível;
3. Permitir que chore, caso seja benéfico;
4. Permitir que tome decisões acerca do seu auto cuidado;
5. Permitir formas alternativas de expressão: cantar, andar, pintar, desenhar.
e) Identificar junto aos doentes fatores que promovem a compreensão
1. Avaliar a acuidade auditiva;
2. Verificar a acuidade visual, se necessário encorajar o uso de óculos;
3. Dirigir-se ao doente apenas quando este está disposto a escutar, utilizando o contacto visual;
4. Proporcionar ambiente calmo e com luz suficiente;
5 Modificar o discurso: falar pausadamente, não colocar várias questões ao mesmo tempo, não aumentar o tom de voz e usar uma linguagem própria de adultos/ e ou crianças;
6. Demonstrar um comportamento não verbal compatível com o verbal.
f) incentivar a crença e a prática religiosa como uma característica que ajuda o doente a suportar as dificuldades, a acreditar no futuro, a encontrar sentido para cada dia.
CONCLUSÃO
A comunicação entre os Agentes de Pastoral da Saúde e Enfermos é de grande importância facilitando e auxiliando no processo mais rápido de cura, mostrando para o Enfermo uma comunicação que o fará compreender melhor seus problemas.
O Agente de Pastoral da Saúde com grande habilidade de comunicação se interagem melhor com os Enfermos fazendo com que até mesmo sua estadia no período de adoecimento no hospital ou em casa não seja tão ruim.
E a comunicação com os enfermos deve ser de acordo com a sua idade e o tipo de educação, pois não se deve falar com uma criança como se ela fosse um adulto ou adolescente e vice versas esses casos.
Na relação que os enfermos estabelecem com os Agentes da Pastoral da Saúde/ Visitadores, os doentes colocam elevada expectativa, esperam humanidade, aprecia a honestidade na informação, uma relação de confiança e compreensão mútua. Preferem os Agentes que expressam claramente os seus valores e princípios, que são mais genuínos e estejam mais disponíveis para falar com eles; que assuma serem tradutores (informa, explica, dá instruções e ensina), que permite o conhecimento (partilhando aspectos pessoais, usando o humor, sendo amigável), estabelecendo confiança (tomar conta, antecipação de necessidades, prontidão) fazendo além do que é esperado (tornar-se amigo (a).
Conclui-se que enfermos; crianças, adolescentes ou adultos independente de qual for sua doença, terá grande melhoras quando o Agente de Pastoral da Saúde/ Visitadores, tenham para com eles uma comunicação adequada.
Referências:
FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de. Ensinando a cuidar da mulher, do Homem e do recém nascido. São Caetano do Sul, SP. Difusão, 2003.522p
SIGAUD, Cecília Helena de Siqueira. VERÍSSIMO, Maria De La Ó Ramalho. O cuidado de enfermagem à criança e o adolescente. São Paulo: EPU, 1996. 269p
WONG, Donna L. Enfermagem Pediátrica. Rio de Janeiro. Guanabara, 1997. 1118p.
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