Mística e Espiritualidade do Agente de pastoral da saúde

PASTORAL DA SAÚDE

DIOCESE DE SÃO MIGUEL PAULISTA

Mística e Espiritualidade do Agente de pastoral da saúde

Mística é a força que nos move para a ação pastoral. É fé feito experiência. É o motor que nos impulsiona para a execução de nossas atividades. Essa força vem do Espírito Santo que nos cria e nos convida a escolher entre a vida e a morte. (Dt 30, 15-19) e, devemos escolher a vida porque somos imagem de Deus. A vida que queremos e buscamos é a vida dos seguidores de Jesus Cristo, do seu Evangelho e da justiça de seu Reino, Portanto, Jesus Cristo é o centro, o fundamento de toda mística cristã, de toda ação pastoral.

Toda mística da Pastoral da Saúde é profética, é transformadora; sustenta a luta em defesa da vida, nas perseguições, na missão. Segue o exemplo de Jesus Cristo, que encarnando na humanidade, propôs uma nova ordem de valores, um novo tipo de relações humanas, mudando toda ordem estabelecida pelos poderosos da época.

Ser cristão é seguir o exemplo de Jesus Cristo. É assumir a causa dos excluídos, a luta pelos direitos dos empobrecidos, transformando-a em uma luta político-social. Seguir Jesus Cristo não é uma questão individual– é o testemunho de vida.  Podemos dizer que mística é sinônimo de espiritualidade. É o amor de Deus, impulsionado pelo Espírito Santo e concretizado em Jesus Cristo que, dentro das situações da vida e no respeito à liberdade da pessoa, se coloca a serviço do ser humano, a fim de levá-lo à plenitude de sua dignidade. O amor de Jesus exige gesto concreto. E Jesus nos ensinou como: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. “Eu sou o bom pastor que dá a vida pelas suas ovelhas”.

A espiritualidade do Agente da Pastoral da Saúde nasce de uma experiência pessoal do amor com Deus, comprometido com a busca de qualidade de vida para todos.   É um viver constantemente atento à inspiração do espírito e no cuidado dos irmãos. É, a exemplo de Jesus Cristo, uma inserção no contexto histórico, nos acontecimentos e lutas do dia a dia, abrangendo as relações com o Pai, com o povo e toda a criação.

Espiritualidade é uma maneira simples de viver; é a vida guiada e animada pelo espírito; é o cultivo da presença do espírito que, com a graça de Deus, anima a vida e as ações do cristão e da comunidade, propiciando iniciativas em favor do reino de Deus.

Espiritualidade é a capacidade que tem o ser humano de dialogar e entrar em harmonia com os apelos que vem do seu interior. A espiritualidade nos leva a buscar a fidelidade a Santíssima Trindade e, como conseqüência, buscar vida em abundância para todos. (Jo10, 10).

A espiritualidade do Agente da Pastoral da Saúde se ergue sobre dois pilares:

- Ser Jesus para os que sofrem (Lc 10, 25-37: O bom samaritano); é Jesus o modelo perfeito de como se deve tratar os doentes. Em primeiro lugar, dentro de uma visão iluminada pela Palavra de Deus, é preciso ter um coração cheio de amor e misericórdia. Na Parábola do Bom Samaritano – Jesus teceu um quadro perfeito da pessoa misericordiosa que se faz próxima, descrevendo praticamente a si mesmo. Quem tem amor vê a necessidade do próximo, dele se aproxima, faz o que o próximo pede em sua situação; o que ele não consegue fazer pede ajuda de outros, para que o doente seja tratado do melhor modo possível. Para Jesus, onde há uma pessoa que sofre, aí é lugar de culto.

A identificação com Cristo faz que o Agente de Pastoral aja como ele agia – movido de amor e compaixão. Cristo é o Bom Pastor que dá a vida per suas ovelhas (Jo 10, 11-14); os doentes não se sentiam julgados por ele, mas compreendido, amados, curados e perdoados. Ele quer que seus seguidores sejam misericordiosos como o Pai (Lc 6,37).

O ministério do perdão e a atitude do curador ferido são de importância capital para o Agente de Pastoral da Saúde, identificado com Cristo, ele pode consolar quem sofre, com sua própria consolação (2Cor 1, 3-7), com a Consolação do Espírito Santo.

Essa identificação com Cristo e com a sua missão torna o agente de pastoral da saúde criativo e responsável. Não necessita que alguém lhe venha dizer o que deve fazer, a quem e como. Basta-lhe olhar para o Cristo misericordioso, ser como o bom samaritano (Lc 10, 25-27), tomar a sério a palavra do Cristo “Vá e faça o mesmo”.

O seguimento do Cristo misericordioso e a identificação com ele encerram os pontos mais importantes da espiritualidade do Agente de Pastoral:

1.      A espiritualidade do amor diligente e responsável, que se doa sem medida, sem olhar a sacrifícios, enfrentando até perigo de vida. O Agente de Pastoral da Saúde é como o Bom Pastor que dá a vida pelos seus (Jo 10,11), não por imposição de outros, nem em cumprimento de leis, mas livremente, como Jesus;

2.      Espiritualidade ativa e dinâmica – alicerçada por momentos fortes de reflexão e oração, momentos intensos de escuta da Palavra de Deus criando uma atmosfera interior que torna o Agente da Pastoral contemplativo na ação, atento aos apelos de Deus na realidade do seu dia a dia, sobretudo por meio das necessidades da pessoa humana que sofre (Cf. Jo 13, 34-35; 15, 12-14; 1Jo 4,20-21).

  

O segundo pilar é Ver e servir a Cristo em quem sofre, Jesus se identifica com a pessoa que sofre: não há lugar para a famosa dicotomia entre oração e trabalho, contemplação e ação, se a própria ação se torna oração, se o serviço ao doente se torna culto a Deus. Onde está o doente, aí está Deus e ai se torna lugar de celebração. O leito do enfermo é o altar em torno do qual se desenrola a liturgia do serviço.

O fundamento bíblico da identificação de Cristo com o doente está nas palavras do próprio Cristo reportadas no capítulo 25, 31-46 de Mateus. Note-se que Jesus considera feito a ele o que é feito ao necessitado. Jesus está presente na pessoa humana com aquela cara, com aquela historia aquela fragilidade e aqueles limites – é presença de Jesus.

Textos para reflexão, e ajuda no ministério de cura a favor dos enfermos:

1.      Mt, 8, 14-15; Mc, 1, 29-31; Lc 4, 38-39 -> a cura da sogra de Pedro

2.      Mt, 8,1-4; Mc 1, 40-45; Lc 5, 12-16 -> a cura do leproso

3.      Mt 9,1-8; Mc 2,1-12;Lc 5,17-26 -> cura do paralitico

4.      Mt, 12, 9-114; Mc 3,1-6; Lc 6,6-11 -> A cura do homem da mão atrofiada

5.      Mt, 9, 20-22; Mc 5, 25-34; Lc 8,43-48 -> cura da hemorroíssa

6.      Mt, 15,21-28; Mc 7, 24-30; a cura da filha de uma mulher Cananéia

7.      Mc 7, 32-37; a cura do surdo-mudo

8.      Mc 8, 22-26; a cura do cego de Betsaida

9.      Mt 17, 14-20; Mc 9, 14-29; Lc 9, 13-43 -> a cura do epilético

10.  Mt 20,29-34; Mc 10, 46-52; Lc 18, 35-43 -> a cura do cego de Jericó

11.  Mt 8, 5-13; Lc 7, 1-10-> a cura do servo do Centurião

12.  Mt 9, 27-31 -> a cura de dois cegos

13.  Mt 9,32-34; Lc 11, 14-15 -> a cura do mudo

14.  Lc 8,2-3- cura das mulheres que acompanhava Jesus

15.  Lc 13, 10-17 – a cura da mulher curvada

16.  Lc 14,1-6 a cura de um hidrópico

17.  Lc 17, 11-19 – a cura de dez leprosos

Preces do enfermos a partir dos Salmos

1.      Sl 6; Sl 13; Sl 22;Sl 23;Sl 31;Sl 38;Sl 41; Sl 86;Sl 88;Sl 102; Sl 130;Sl 143

 

São Paulo, 10 de Setembro de 2011.